O colapso do sistema de saúde de Vitoria da Conquista, noticiado em primeira mão pelo Blog do Caíque Santos, está sendo alertado por médicos e enfermeiras através de mensagens de texto e áudios no whatsapp. Eles alegam que não podem dar entrevista para não sofrerem represálias por parte da direção dos hospitais.
Após a reportagem, “Conquista: Sistema de saúde entra em colapso; ‘Vamos ver aqui o que vimos na TV em outros lugares’, alerta médico”, outra informação não oficial, prestada por uma enfermeira, detalha ainda mais o caos que o sistema de saúde de Vitória da Conquista está vivenciando.
De acordo com a profissional de saúde, um paciente faleceu por falta UTI. “Infelizmente não há ninguém que possa conseguir vaga pra ninguém. A gente que trabalha na saúde já sabia que isso ia acontecer, mas as pessoas não pararam, os bares, as festas cheias. Ontem nós perdemos o primeiro paciente afogado, sem ar, por falta de UTI. Ontem bateu 100%. É o que está acontecendo em Manaus chegou em Conquista.
“Ela está passando um relato do desespero que nós profissionais estamos vivendo, de não ter o que fazer”, comenta o profissional da saúde que encaminhou o áudio à nossa reportagem.
OUÇA O ÁUDIO:
O Blog do Caíque Santos também recebeu nesta sexta-feira (19), um relato de um médico alertando sobre o colapso do sistema de saúde nos hospitais de Vitória da Conquista, BA, que atende não apenas a cidade mas diversas outras do entorno e até da região sul. “Neste momento chegamos no limite total de atendimentos pra COVID e outras coisas aqui em Conquista! TODAS as unidades em superlotação! O Hospital de Base não tem pontos de O2, não tem vagas pra pacientes em ala COVID e nem em PS”, diz o relato do profissional de saúde que prefere não ser identificado por medo de sofrer perseguição por parte do governo do estado.
Um outro médico, que trabalha no Hospital Samur e também prefere não ser identificado, diz que “agora estamos com necessidade de um hospital de campanha para os pacientes com Covid-19″.
Nossa reportagem foi ao HGVC e pôde constatar pacientes em macas e até deitados no chão na recepção da emergência. Não tivemos autorização para entrar e nem fotografar.
Confira a íntegra do relato do médico:
Neste momento chegamos no limite total de atendimentos pra COVID e outras coisas aqui em Conquista! TODAS as unidades em superlotação! O Hospital de Base não tem pontos de O2, não tem vagas pra pacientes em ala COVID e nem em PS. Estamos com um paciente na básica com COVID positivo, dessaturando na porta do HGVC, a USA já deu apoio lá, mas não tem nem como intubar pq não pode ambuzar e não tem onde deixar, não tem ponto de O2.
Ligamos nas outras unidades pra ver se ajuda e a UPA tb com pacientes graves, sem vaga de isolamento. São Vicente com todos os leitos do isolamento do PS ocupados, sem ponto de O2 tb (e sem previsão de subir nenhum paciente pra a ala de internamento COVID).
Centro de Covid já pedindo transferência pra um paciente grave, já com COVID confirmado, que vai pra a UTI 4 do Base (paciente dessaturando em máscara de reservatório já), só com torpedo de O2 (eles pediram emprestado do 192), pois não tem rede de gases e sem possibilidade de receber novos pacientes graves assim.
Unimec com paciente intubada no PS desse segunda, pedindo UTI tb. Sem vagas lá dentro, sem leitos de isolamento.
Realmente chegamos no CAOS TOTAL. Daqui pra frente vamos ver aqui aquilo q vemos na TV em outros lugares, ambulâncias na porta dos hospitais, com pacientes dentro, sem ter pra onde levar. E tb muitas vezes não vamos poder nem mandar mais as ambulâncias, pq não temos onde deixar.
PODER PÚBLICO DIFICULTA INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA E POPULAÇÃO
Na sexta-feira, 19, por volta das 13h30, nossa reportagem foi em busca de uma posicionamento do diretor do Hospital Geral de Vitoria da Conquista (HGVC), o médico Giovani Moreno, mas o mesmo não quis nos receber e disse que só falaria mediante agendamento com a assessoria de comunicação.
A assessora de imprensa do HGVC, disse que “quando tivesse um posicionamento” enviaria uma resposta para a comunidade, mas até o momento da postagem, não encaminhou a nota. Solicitamos ainda uma entrevista com Giovani Moreno, mas também nenhuma resposta foi dada até o momento.
Sobre a denúncia do médico, de que existe superlotação de ambulâncias na porta do HGVC com pacientes aguardando liberação de leitos, a coordenador do SAMU 192, também não quis falar com nossa reportagem e disse que só poderia dar entrevista com a autorização da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Conquista.
Covid-19: Alta na ocupação de leitos em Conquista pode refletir em municípios vizinhos
A alta na taxa de ocupação de leitos destinados ao tratamento da Covid-19 na cidade de Vitória da Conquista, no Sudoeste Baiano, pode não refletir a situação do avanço da pandemia no município, mas sim, nas cidades vizinhas que utilizam o sistema de saúde local. Para a Secretaria Municipal de Saúde, ainda não é o momento de adotar novas medidas de enfrentamento à pandemia na cidade, mesmo com a taxa de ocupação de leitos de UTI em 95,7% .
De acordo com o governo do estado, pertencem a região de saúde de Vitória da Conquista 19 municípios. São eles Anagé, Barra do Choça, Belo Campo, Bom Jesus da Serra, Caetanos, Cândido Sales, Caraíbas, Condeúba, Cordeiros, Encruzilhada, Maetinga, Mirante, Piripá, Planalto, Poções, Presidênte Jânio Quadros, Ribeirão do Largo, Tremendal e a própria Vitória da Conquista.
De acordo com a secretária de Saúde Ramona Pereira, a cidade, que conta com 148 leitos ao total, sendo 78 de enfermaria e 70 de tratamento intensivo, atende diversos municípios da região, o que resulta no aumento do índice. “Estamos tendo uma elevação por conta dos leitos de UTI, mas isso não condiz com o cenário de Vitória da Conquista. Condiz com o cenário de outros municípios que estão sendo acolhidos na rede hospitalar de Conquista, mas nosso índice de transmissão se mantém estável e com possibilidade de queda, então isso não interfere nas medidas [de enfrentamento à pandemia] que vem sendo executadas na cidade”, disse a Secretária de Saúde de Conquista.
“Não queremos dizer que nós estamos confortáveis no sentido de, nesse momento, liberar alguns outros setores, mas nos sentimos confortáveis em dizer que as medidas protetivas que a gente vem fazendo estão surtindo efeito no nosso município. No entanto, a gente vem nesse impasse de que os leitos clínicos e de UTI são para toda região e que a gente precisa fazer essa avaliação uma vez que esses número de ocupação de leitos esta aumentado e pode refletir em Vitória da Conquista”, reiterou.
Secretários de Saúde da macrorregião Sudoeste discutem sobre a situação dos leitos de UTI Covid
Na manhã desta sexta-feira (19), a secretária municipal de Saúde, Ramona Cerqueira, participou de uma reunião com a presença de todos os secretários da macrorregião Sudoeste, além da diretora e técnicos do Núcleo Regional de Saúde (NRS). De acordo com a secretária de Saúde de Conquista, foi deliberada que essa ampliação será solicitada ao Governo do Estado. “Hoje confeccionamos um ofício para o governador e o secretário estadual de Saúde, solicitando novos leitos de UTI na nossa macrorregião para melhor atender os pacientes Covid, uma vez que, neste momento, está acontecendo um aumento no número de casos e internamentos de pacientes com síndrome gripal”, explica.
Outro tema que também foi discutido nessa reunião, foi a necessidade de melhorar a regulação dos pacientes vindos de outros municípios para ocupar leitos Covid na região de Vitória da Conquista, já que vem ocorrendo uma demora da Regulação em fazer o encaminhamento dos pacientes do interior para Conquista.
A expectativa é de que as solicitações dos secretários sejam atendidas o quanto antes pelo Governo do Estado, para garantir que haja disponibilidade de leitos para acolher todos os pacientes e evitar um possível colapso na rede hospitalar da macrorregião Sudoeste.
PREFEITURA NÃO DIZ COMO ESTÁ INVESTINDO OS 20 MILHÕES DESTINADOS À COVID-19
Até o momento, a Prefeitura não detalha quanto já gastou dos 20 milhões de reais destinados para a covid-19 e nem de que maneira. Para a secretária Ramona Cerqueira, a instalação de um comitê de crise, a implementação de um call center e do Centro Covid “estão entregando bons resultados”.
Blog do Caíque Santos, com informações do Bahia Notícias e SECOM/PMVC