Uma denúncia de intolerância religiosa repercutiu na imprensa de Vitória da Conquista. A ialorixá Rosilene Santana foi à delegacia nesta segunda (01), acompanhada de uma defensora pública para fazer um boletim de ocorrência. Ela afirma ter sido vítima de preconceito religioso, verbal e ‘LGBTQ+fobia’, além de ter sofrido agressões verbais e físicas por parte de uma evangélica e o Pastor Wellington da Silva.
“Eu saí com a minha família, a gente foi comprar pão, aí eles ficaram e eu vim com a minha cachorra e aí na na estrada eu encontrei uma senhora com a Bíblia na mão e nós ficamos conversando sobre a cachorra, quando chegou na porta da minha casa, que é um terreiro de candomblé, ela disse assim: ‘você mora aqui?’, eu disse. ‘moro’, ela disse assim, ‘eu vou orar por você’, e eu disse, ‘não precisa, eu tenho a minha crença’, e ela disse, ‘eu vou orar sim, porque você mora aqui, você precisa da oração, você precisa de Jesus’, e eu disse, ‘senhora isso é racismo religioso, eu sou ialorixá, minha religião é uma religião tradicional e aqui é uma questão de resistência do terreiro’ e ela começou a gritar, ela foi lesbofóbica comigo, ela saiu gritando e me chamava de macumbeira, ela me chamava de feiticeira, sapatão…”, afirmou a ialorixá em entrevista à TV Sudoeste.
Segundo Rosilene, por conhecer o pastor por muitos anos, ela o procurou para que ele pudesse orientar os membros da sua igreja a não terem esse tipo de conduta de intolerância e racismo religioso, mas em resposta, ela foi agredida.
“Quando ele veio, já veio me agredindo, botando o dedo no meu peito, me machucando forte mesmo, empurrando para o lado da igreja. Eu achei que ele queria conversar comigo, que não ia me agredir, então eu não esperava isso dele”, diz Rosilene.
A ialorixá também conta que acionou a polícia militar e fez um boletim de ocorrência juntamente com o pastor.
O OUTRO LADO DA HISTÓRIA
O pastor Wellington da Silva confirmou que conhece Rosilene há muito tempo e que eles tinham uma boa relação. Segundo ele, Rosilene estava embriagada, tanto na hora que estava conversando com a integrante da igreja, quanto no momento em que foi ao seu encontro. Na versão de Wellington, toda a confusão teria sido apenas pelo fato da evangélica ter dito que iria orar por Rosilene.
Ainda de acordo com o Pastor, a ialorixá entrou na Igreja causando alvoroço, mas em nenhum momento houve agressão da parte dele. Ele afirma que haviam muitas testemunhas da igreja que podem comprovar sua versão.
O caso segue os trâmites judiciais.
Com informações e apuração da jornalista Ariela Bonfim, TV Sudoeste