Um caso que chocou toda a Bahia e que continua faltando muitas respostas pode ter um desfecho nesta sexta-feira, dia 29 de novembro, a partir das 9h, no Auditório do Juri do Fórum João Mangabeira: O mistério envolvendo o sumiço do garoto Maicon Batista Braga, de 9 anos de idade.
No dia 4 de dezembro de 2012, durante uma ação da PM no condomínio Vila Sul em Vitória da Conquista, BA, Maicon brincava com mais 04 adolescentes no local onde teria acontecido uma “troca de tiros” – PMs atiraram contra um grupo que acreditavam ser de traficantes. Mas diferente da versão da PM, o inquérito concluiu que não houve troca de tiros e só os policiais atiraram.
O delegado Neuberto Costa, titular da Delegacia de Homicídios da cidade, encaminhou o inquérito policial sobre o caso ao Ministério Público. Os seis soldados indiciados são da 77ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM). Três deles foram indiciados por homicídio e ocultação de cadáver e três por ocultação de cadáver.
Os indiciados faziam parte de duas guarnições da PM que estiveram no Condomínio Vila Sul e atiraram, segundo nota da Polícia Civil, “em um grupo de garotos, que retornava de uma lagoa próxima”. Um processo administrativo sobre o caso também foi instaurado pela Corregedoria da PM e já está em fase de conclusão.
O laudo de reconstituição do Departamento de Polícia Técnica (DPT), anexado ao inquérito, revela que os únicos tiros disparados no local, em um matagal ao lado do condomínio, partiram dos policiais militares. Os soldados Pablo Mendes Almeida Borba, Josias Nascimento Libarino e Kleber Jackson Rodrigues, indiciados por homicídio e ocultação de cadáver, admitiram em depoimento que atiraram contra um grupo que eles suspeitavam ser de traficantes. Os soldados Mateus Queiroz de Oliveira, Warley Lopes Santos e Agenlado Gama Silveira Junior foram os indiciados por ocultação de cadáver.
O inquérito ouviu mais de 20 testemunhas e todos os policiais que participaram da ação. O Ministério Público acompanhou o caso.
Tiros em condomínio
Os seis PMs contaram que foram até o condomínio no dia 4 de dezembro para atender uma denúncia de que um adolescente estaria sendo atacado por traficantes. Ao chegar, viram do lado de fora um grupo de quadro jovens caminhando e suspeitaram que se tratavam dos traficantes, começando a atirar. Os quatro, incluindo o menino Maicon, correram por um matagal ao lado do condomínio até chegar à área residêncial, quando três deles perceberam que Maicon não estava mais com eles.
Os acompanhantes de Maicon então disseram aos policiais que o amigo havia sumido e foram impedidos pelos PMs de voltarem ao matagal para procurar o menino. Todos os moradores da região também ficaram proibidos de ir no matagal por uma hora. Um oficial da PM então liberou o local, enviando até lá uma guarnição dos Bombeiros.
Desde então, Maicon Batista Braga não foi mais visto – um exame de DNA feito com uma mancha de sangue achada no local comprovou que o sangue era do menino. “O laudo de reconstituição corroborou com as provas coletadas e reunidas no inquérito, no qual apontamos os responsáveis pelo sumiço do garoto, que serão processados criminalmente”, diz o delegado.
Cansados de esperar por uma resposta da Polícia Civil, os familiares da criança chegaram a protestar bloqueando a BR-116 no dia 4 de janeiro, quando o desaparecimento de Maicon completou um mês. No dia 27 de dezembro de 2012, em decorrência da demora da investigação, a família do menino foi obrigada a passar o aniversário de 10 anos da criança, sem ter nenhuma resposta concreta sobre o paradeiro da criança.
O Julgamento do dia 29 atrairá a atenção da PM, imprensa baiana e estudantes de Direito. A sessão pode se extender noite a dentro.
Com informações do Correio*