A participação feminina cresceu nas eleições municipais deste ano nas 26 capitais do país. No entanto, as mulheres aparecem mais como vice nas chapas que disputam as prefeituras. No Brasil a presença como candidatas ao cargo de prefeita não evoluiu após quatro anos
Em Vitória da Conquista, a única mulher na disputa pela Prefeitura é Maris Stella (Rede). Este ano temos 03 mulheres candidatas à vice-prefeitas: Luciana Oliveira (PCdoB) com o candidato Zé Raimundo (PT), Ariana Mota (PRTB), vice de David Salomão (PRTB) e Sheila Lemos (DEM) com Herzem Gusmão (MDB).
Em Vitória da Conquista, dos 454 registros de candidaturas ao parlamento e executivo, apenas 31,5% é de mulheres, contra 68,5% de homens
Este ano 31,5% das candidaturas ao parlamento e executivo é de mulheres, isso significa apenas 0,01% a mais que na eleição anterior, que em compensação tinha menos candidatos, 401. A quantidade de mulheres ao cargo de vice-prefeita é a mesma do pleito anterior, no entanto em 2016 eram 8 candidatos a prefeito e agora são 7.
Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral e estão disponíveis na internet. O site destinado a divulgar candidaturas e contas eleitorais (http://divulgacandcontas.tse.jus.br) reúne informações detalhadas sobre todos os candidatos que pediram registro à Justiça Eleitoral.
FALTA REPRESENTATIVIDADE?
As mulheres são maioria do eleitorado no Brasil. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 52% dos brasileiros aptos a votar são do sexo feminino, cerca de 77 milhões.
Porém, das 26 capitais brasileiras, apenas três possuem prefeitas. São elas Teresa Surita (MDB), chefe do Executivo de Boa Vista, em Roraima, Cinthia Ribeiro (PSDB), atual prefeita de Palmas, no Tocantins, e Socorro Neri (PSB), que está à frente da prefeitura de Rio Branco, no Acre.
Cinthia e Socorro, no entanto, foram eleitas em 2016 como vice e viraram prefeitas somente em 2018, quando os prefeitos renunciaram com a intenção de disputar as eleições daquele ano para governador de seus estados.
Na eleição deste ano, três capitais sequer possuem candidatas: Manaus, no Amazonas, Belém, no Pará, e São Luís, no Maranhão. A capital que mais apresenta a opção feminina para o cargo em 2020 é o Rio de Janeiro, com seis candidatas.
PELO BRASIL
Comparação da participação de mulheres nas eleições para as prefeituras das 26 capitais
2016
206 candidatas
• 38 mulheres candidatas como prefeita (18,1%)
• 58 mulheres candidatas como vice (27,7%)
Panorama geral (candidaturas para prefeituras e Câmaras Municipais de todos os municípios do Brasil)
• Mulheres – 31,9%
• Homens – 33,2%
2020
314 candidatas
• 56 mulheres candidatas como prefeita (17,8%) – redução de 0,3%
• 131 mulheres candidatas como vice (41,7%) – crescimento de 14%
Panorama geral (candidaturas para prefeituras e Câmaras Municipais de todos os municípios do Brasil)
• Mulheres – 31,9%
• Homens – 33,2%
ANALISTA EXPLICA
Na análise da cientista social da PUC-SP, o preconceito explica o fato da participação das mulheres não ter aumentado nestas eleições.
Porque não há aumento na participação feminina nas eleições municipais como candidatas a prefeita?
Há um preconceito dentro dos partidos em investir em candidaturas femininas, tanto na questão de financiamento, como de tempo e apoio. Mesmo com as ações afirmativas, que obrigam os partidos a investirem pelo menos 30% de recursos nas mulheres, vemos que ainda há muita resistência interna. Fora que a mulher já tem a dupla jornada de trabalho e cuidar dos filhos, o que acaba as afastando da política.
O aumento da participação como vice é importante?
Sim. Esse crescimento é uma grande conquista para as mulheres que conseguem participar das negociações e se colocar para concorrer a um cargo é importante na estrutura política. Claro que ainda estamos longe da representatividade ideal, mas a tendência é que melhore a partir da luta dentro dos partido
Fonte: TSE e Metro Jornal