Foi a partir do imaginário musical dos cantadores do sertão baiano e da figura inexorável da sua maior referência artística, o cineasta, jornalista, teatrólogo, poeta e amigo Jorge Luís Melquisedeque que João Marcos traduziu sentimentos e referências afetivas em pinceladas nervosas. Nos idos dos anos 80 forjou-se artista plástico, vivenciando o processo de consolidação e oxigenação cultural vivida na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, inaugurando sua carreira com o grande projeto de artes integradas AVE EVA, onde trouxe à tona 35 trabalhos impactantes em bico de pena e nanquim.
20 anos se passaram e neste hiato J. Marcos Oliveira ressignificou seu tom afetivo em respirar arte e retornou em 2006 para a produção de diversos estudos em óleo sobre tela, que hoje são consideradas obras primas de um artista redescoberto no sertão da Bahia e que tem afetado a crítica dos olhares mais refinados e sensíveis. A Exposição Itinerante João Menestrel dos Sonhos traz à tona uma obra recém conhecida que expressa sensações e sentimentos a partir de figuras realísticas que inseridas num ambiente surreal são embebidas de uma técnica única desenvolvida pelo artista.
Sobre o conteúdo de sua obra, o próprio artista comenta: “Não pinto tema, pinto sentimento”. O fato é que suas telas trazem uma narrativa imagética construída por sensações que expressam lugares de leveza, força e reflexão. A estética do sertão também é trabalhada num ponto incomum e estilístico, sendo misturada a signos icônicos proporcionando o encontro de realidade e da ficção numa trama que emociona, surpreende e desatina. Um dos destaques da exposição vai para os grandes painéis pintados pelo artista que trazem figuras como Elomar Figueira Melo, Jorge Luís Melquisedeque e Carlos Jehovah, trazendo recortes da estética destes artistas, embebendo seus rostos numa composição única de elementos do sertão, exaltando a poesia de cada narrativa de vida que se encontra na trama da tela.
A curadoria do acervo é feita por suas filhas, a artista plástica Pamela Dantas e a Cineasta e musicista Luiza Audaz. O acervo conta com 40 obras, algumas já expostas no espaço Galeria Atelier, inaugurada em 2017 pelas irmãs com o objetivo de difundir a obra do pai artista. Pretende-se que a exposição alcance o público do seguimento artístico da cidade, privilegiando também parcerias com a Universidade e Escolas públicas para que estudantes do ensino fundamental e ensino médio também possam ter contato com as obras do artista.
A abertura acontecerá no dia 02 de dezembro, com muita música e uma tela conjunta, onde os convidados poderão deixar seus traços. Ao final da noite, uma tela será sorteada. A exposição fica disponível ao público até o dia 27 de dezembro, com o horário de visitação entre as 9h e as 21h.
Texto: Andrea Póvoas
Abertura: 02.12.18 (Domingo)
Local: Foyer do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima
Entrada Gratuita.