Em uma disputa eleitoral, a “boa memória” não costuma ser algo presente na hora de fechar alianças e mágoas e dessabores do passado são deixados de lado em troca de um bom número de votos. No entanto, isso tem causado mágoa em alguns políticos da região Nordeste ligados ao Partido dos Trabalhadores, que têm se queixado da união do partido com alguns nomes que votaram, em 2016, a favor do Impeachment da então presidente da república Dilma Rousseff, os apelidados de “golpistas”.
A união com “golpistas” está sendo costurada em ao menos quatro estados da região, o que tem deixado os locais bastante irritados, inclusive alguns que compõe a base histórica do PT.
No entanto, o ex-presidente Lula, em declaração feita no ano passado, chegou a dizer que estava perdoando alguns “golpistas”.
O estado onde a insatisfação gerou maior ebulição foi Pernambuco por conta da aliança com o PSB . Pelo acordo firmado entre as legendas no início desta semana, o Partido dos Trabalhadores retiraria a candidatura de Marília Arraes ao governo do estado para apoiar Paulo Câmara, que tentará se reeleger. Em troca, o PSB adotaria uma postura neutra nas Eleições presidenciais e assim enfraqueceria a campanha de Ciro Gomes (PDT), que aspirava compor chapa com o partido.
Apesar de ter declarado voto em Lula para este ano, Câmara foi um dos críticos do governo Dilma e colaborou no processo de afastamento da ex-presidente, tendo inclusive exonerado quatro secretários para que eles pudessem votar a favor do impeachment.
A consequência dessa insatisfação em Pernambuco pode criar problemas maiores dentro do PT. Nesta quinta-feira (2), contrariando orientação do partido, a convenção estadual decidiu por manter a candidatura de Arraes ao governo. Em entrevista ao portal UOL, a petista afirmou que não colocaria sua candidatura como moeda de troca “a preço de banana”.
Outros estados
No Piauí, a queixa é com relação à candidatura ao senado. Regina Souza (PT) foi retirada da disputa para a reeleição para que o partido pudesse apoiar Ciro Nogueira (PP), que também busca a reeleição no cargo, na chapa do governador Wellington Dias (PT), que irá concorrer novamente. Além de ter votado a favor do impeachment, Nogueira é presidente nacional do PP, que nacionalmente faz parte da chapa que apoia o tucano Geraldo Alckmin à presidência da república.
Em Alagoas, o Partido dos Trabalhadores deve seguir mantendo apoio o MDB de Renan Calheiros, que também é partido do atual presidente Michel Temer. No Ceará, a insatisfação é com o atual governador e pré-candidato à reeleição Camilo Santana (PT), que, a contragosto do partido, fechou controversas alianças, que podem obrigar o senador José Pimentel (PT) a desistir de sua candidatura à reeleição do Senado para dar espaço a Cid Gomes (PDT), ex-governador cearense e irmão de Ciro Gomes.
Esta notícia foi verificada através dos sites UOL e FOLHA e BlastingNews