Taxistas ligados a cooperativas e autônomos se uniram na manhã desta quinta-feira (21) para percorreram as ruas de Vitória da Conquista (BA) em protesto contra a falta de regulamentação municipal dos aplicativos de transporte e vans e a suspensão da fiscalização contra o transporte clandestino.
Os taxistas engrossam o coro da Viação Cidade Verde e do vereador Professor Cori (PT), que já anunciaram a falência do transporte coletivo da cidade.
Munidos de cartazes, palavras de ordem e discursos através de carro de som, os profissionais do volante começaram a concentração na praça Sá Barreto. De acordo com os organizadores, o objetivo da manifestação é chamar a atenção da população para o colapso geral do sistema de transporte público e pressionar o Prefeito Herzem Gusmão a enviar para a Câmara de Vereadores o Projeto de Lei que instituirá regras para que motoristas de aplicativos possam integrar legalmente o sistema de transporte.
Os taxistas acusam a empresa Ubber de “dumping”, quando uma empresa vai para outro país e vende seus serviços por preços extraordinariamente abaixo do valor de mercado para eliminar a concorrência e após isso, dominar o mercado e aumentar o preço.
De acordo com Nilson Pinheiro, diretor do Sindicato dos Taxistas, a quantidade de exigências e gastos que eles são obrigados pelo município é injusta quando comparada com a total flexibilidade para com os motoristas de aplicativos. “Eles levam o faturamento para os Estados Unidos e a cidade não fica com nada. Nós passamos por uma série de exigências, temos que ter uma permissão da prefeitura, pagar alvará, 2 vistorias por ano, carteira do condutor e do auxiliar, temos que apresentar atestado médico 2 vezes por ano, passar pela vistoria do Ibametro, temos que ter a placa vermelha. Isso é injusto, queremos respeito e atenção do poder público municipal”, revolta-se Pinheiro.
Há 8 meses que os taxistas encaminharam ao prefeito uma proposta de legalização baseada na aprovação de lei no Congresso Nacional que determina que o município é quem tem a obrigação de regulamentar os aplicativos.
Os taxistas também queixam-se da atuação dos agentes dos Simtrans. “Estamos recebendo muitas multas. Tem colega que levou multa só porque entrou em uma avenida e esqueceu de ligar a seta. Queremos também que o prefeito crie áreas de embarque e desembarque nas ruas para que a gente possa trabalhar. Já estamos prejudicados pelo transporte clandestino e ainda no Centro estamos impedidos de embarcar e desembarcar os passageiros”, diz o taxista Luis.
Ainda de acordo com a direção do Sindicato dos Taxistas, o Procurador do Município, Dr. Murilo Mármore, disse recentemente que “não é o momento” de fazer a regulamentação.
EMPRESA DE ÔNIBUS – Após a saída da Viação Vitória, a Cidade Verde assumiu emergencialmente o lote vago. O prazo emergencial já passou e a empresa já anuncia extraoficialmente que está prestes a deixar a cidade, alegando quebra contratual da Prefeitura no que diz respeito ao equilíbrio econômico-financeiro, causado pela falta de fiscalização e regulamentação do transporte clandestino e dos aplicativos.
A crise do transporte público e a falta de ação por parte do Prefeito Herzem Gusmão, levou o Secretário de Mobilidade Urbana, Ivan Cordeiro, a pedir demissão, alegando “não comungar com a perspectiva que esse governo vem apresentando sobre a gestão da cidade”, Cordeiro disse que tentou “até o último minuto, contribuir, com muito trabalho, para melhorar a vida da nossa gente”.
O prefeito de Conquista até o momento não se pronunciou sobre as reivindicações dos taxistas e a ameaça que da empresa Cidade Verde, veiculada na imprensa local, de abandonar a cidade ou até mesmo extinguir a função de cobrador para manter o equilíbrio econômico contratual.
Reportagem e fotos por Caique Santos
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