A diretoria de Vitória da Conquista do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, divulgou nesta segunda-feira (07) uma carta aberta (leia a íntegra no final da matéria) direcionada à prefeita Sheila Lemos (DEM), solicitando o início imediato da vacinação contra Covid-19 dos profissionais de imprensa de Vitória da Conquista.
O pedido tem respaldo na resolução 085/2021 da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que determinou a inclusão destes profissionais que atuam em hospitais, delegacias e diversos locais públicos. A carta, assinada pela jornalista Edna Nolasco, lembra que “o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) reafirmou a decisão da CIB, reforçando o direito dos profissionais de imprensa de serem vacinados e que descumprir as determinações da CIB e do TJ-BA configura-se em grave erro”
“A vacinação dependerá do envio das doses por parte da Sesab”, diz Prefeitura
A prefeitura tem argumentado que nem sempre é possível incluir de imediato no cronograma de vacinação os novos grupos prioritários determinados pela CIB pois a Sesab, do governo do Estado, manda um quantitivo de vacina insuficiente e que além disso, é preciso que venha escrito na nota fiscal, quais grupos devem ser contemplados com a remessa.
Ainda nesta segiunda-feira (07), a Prefeitura divulgou um link para o cadastro, “apenas trabalhadores que ainda não se vacinaram e que se enquadrem no normativo da CIB 085/2021, que autoriza a vacinação de profissionais do setor com 40 anos de idade ou mais”. O link ficará disponível por 15 dias e as informações servirão de base para que a SMS possa conhecer o quantitativo populacional e traçar as estratégias de imunização do município, a ser aplicada logo que cheguem as doses necessárias.
LEIA ABAIXO A CARTA DO SINJORBA DE CONQUISTA:
CARTA ABERTA A PREFEITA DE VITÓRIA DA CONQUISTA SRA. SHEILA LEMOS
Vitória da Conquista 7 de junho de 2021.
Digna prefeita, Sheila Lemos.
Nós, profissionais de imprensa de Vitória da Conquista convidamos ao executivo municipal, uma reflexão sobre o papel e a vulnerabilidade da imprensa frente à crise sanitária que acomete nosso país. Mais do que isso, convidamos a buscar entender, junto conosco, como podemos ser essenciais para levar a informação ao cidadão e servir à sociedade, mas não sermos igualmente reconhecidos como essenciais no processo de vacinação, para garantir maior segurança no exercício da nossa missão
social.
“Não queremos essencialidade pra morrer”.
Essa frase do presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Moacy Neves, soou como a libertação para o grito que estava preso na garganta de todo trabalhador de comunicação que sai de casa todos os dias para levar informação séria e de qualidade para a população, para combater fake news e evitar o caos que a desinformação provoca.
Os profissionais de imprensa estão morrendo. Morrendo por estarem na linha de frente no combate à pandemia. Certamente a senhora sabe, mas 222 comunicadores perderam a luta para a Covid-19 no Brasil. Outras centenas adoeceram. Na Bahia, somamos 26 jornalistas e radialistas mortos, vítimas do coronavírus. Dois deles morreram há uma semana.
Em Camaçari, a vida do colega e auxiliar da TV Câmara, Roberto Lomanto, também foi ceifada pela Covid-19. Aqui temos o repórter cinematográfico Nilton Dalambert na UTI do HCC, com 50% dos pulmões comprometidos. A Comissão Intergestores Bipartite (CIB) corrigiu o erro cometido pelo governo federal, que, ironicamente, considera a classe essencial para estar na linha de frente da pandemia, e, no entanto, a renega na hora de reconhecer a essencialidade na prioridade da vacinação. Logo depois, o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) reafirmou a decisão da CIB, reforçando o direito dos profissionais de imprensa de serem vacinados. Descumprir as determinações da CIB e do TJ-BA configura-se em grave erro, que acreditamos não ser prudente cometer, em hipótese nenhuma.
Com bom senso, vontade de fazer 52 municípios na Bahia, vacinaram toda a categoria nos últimos dois dias, sem limite de idade, incluindo Salvador, Feira de Santana, Lauro de Freitas, Dias d’Ávila, Alagoinhas, Senhor do Bonfim, Bom Jesus da Lapa, Luiz Eduardo Magalhães e Serrinha. Tantas outras deram a largada, a exemplo do nosso município, que teve a iniciativa, do legislativo, com a indicação do vereador Luciano Gomes, recebida com unanimidade por todos os vereadores.
Acertadamente, esses municípios seguem a determinação da CIB, organização que tem autonomia para tomar decisões sobre a política de vacinação no Estado. É inadmissível que Vitória da Conquista, com a relevância que possui, fique de fora desse movimento de restauração do direito da categoria. Não podemos aguardar cadastro ser efetivado em quinze dias, precisamos de vacina Já. Salvador usou os dados cadastrais do Sinjorba e não solicitou número de cadastro do SUS, pensando na celeridade da ação.
É por isso que viemos, por meio desta carta aberta, convidá-lo a refletir, abrir os olhos e enxergar a relevância da imprensa e o papel que temos desempenhado nesse momento tão crítico para toda a sociedade. Como profissionais de comunicação,
estamos onde a notícia está, e isso inclui as portas de emergência de hospitais, delegacias, cemitérios e, sim, as redações e estúdios, a base para onde retornamos após a apuração das matérias, expondo, igualmente, os nossos colegas de trabalho que
ficam na retaguarda.
Não queremos privilégios, queremos respeito e a manutenção do nosso direito. Por isso, solicitamos o início imediato da vacinação contra Covid-19 dos profissionais de imprensa de Vitória da Conquista.
Acredite, o número de doses destinadas à categoria será pequeno, cerca de 180 doses, são os mesmos profissionais que foram vacinados em 2020 contra a gripe Influenza , ação que foi um sucesso. Grande serão os resultados, frente ao impacto sanitário que a imunização trará com a diminuição do risco de contaminação a que os profissionais são expostos diariamente.
Cordialmente,
Coletivo de profissionais de imprensa de Vitória da Conquista
Edna Santos Nolasco
Diretoria do Sinjorba Sudoeste