O jornalista Ramom Ferraz, 34 anos, formado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), pode ser considerado um exemplo de sucesso na área. Com uma carreira sólida, que o levou a atuar em grandes veículos de comunicação como Globo e Band, busca agora novos voos, como empreendedor, na área de assessoria de comunicação e voltando a atuar na região de Vitória da Conquista e em sua cidade natal, Potiraguá.
Em uma entrevista exclusiva ao Blog do Caique Santos, o jornalista compartilhou sua trajetória, experiências e os novos desafios que está enfrentando.
O INÍCIO EM VITÓRIA DA CONQUISTA
Para Ramom, ter se formado no curso de Comunicação da UESB foi um diferencial importante. “Ainda bem que o começo foi em Vitória da Conquista! O curso de Jornalismo da UESB, onde estudei de 2008 a 2012, oferecia bons professores e laboratórios, o que era artigo de luxo em se tratando de instituições públicas da Bahia”, revela.

Inicio na UESB FM. Muller Nunes, Ramom Ferraz e Júnior Patente Foto: Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Na TV Uesb. Arquivo pessoal

Na TV Uesb. Arquivo pessoal
TV UESB E UESB FM
Além disso, a cidade proporcionou o acesso a emissoras de rádio e TV na própria universidade, TV Uesb e Uesb FM, o que foi essencial para o desenvolvimento de sua carreira. “Estudantes tinham o privilégio de contar com emissoras de TV e rádio instaladas na UESB, o que abre muitas portas para estagiar, vivenciando o dia a dia real da reportagem com alcance regional”, comenta Ramom.

Ramom e Nilton Dalemberth. Entradas para o SPORTV abre caminhos. Foto: Arquivo pessoal
TV SUDOESTE
Outra emissora de Vitória da Conquista, a TV Sudoeste, afiliada da Globo, foi fundamental na sua formação, pois lhe deu a oportunidade de enfrentar a pressão de trabalhar com grandes marcas do setor. “Fui lapidado para enfrentar a pressão de segurar um microfone de símbolo tão forte. A cidade em si, por ser uma das maiores do estado, rende muitas pautas. Comecei com jogos locais e depois fiz parte da escalação de repórteres de campo do Sportv, em transmissões ao vivo do Brasileirão e Copa do Brasil, além do Baianão, claro, passava horas elaborando maneiras diferentes de tratar os assuntos, até os mais batidos. Testávamos no ar, valendo! Deu tão certo que me rendeu o convite para ir trabalhar em Salvador, na sede da Rede Bahia, assim como aconteceu com meu colega Müller Nunes, anos depois”, lembra.

Colegas no curso da UESB e depois na Rede Bahia. Muller e Ramon trocavam ideias sobre como sair da “mesmice” das reportagens. Foto: Arquivo pessoal
GRANDES EMISSORAS: DISPUTA DE EGOS E “MUNDO CÃO”
Durante sua trajetória em veículos como a TV Band e a TV Bahia, Ramom aprendeu lições valiosas. “Por trás do aparente glamour do ofício, há um ‘mundo cão’. O ambiente em grandes emissoras é carregado de disputa de egos e vaidade”, alerta ele. Quando chegou em Salvador, aos 24 anos, a pressão o fez sentir insegurança. “Esse sentimento prejudicava a identidade do texto e a postura frente à câmera. No meu caso, até a pele adoeceu”, conta.
Apesar disso, ele reforça que, com o tempo, adquiriu mais segurança. “Quando mudei de emissora, já tinha mais bagagem, uma postura mais segura sobre minhas ideias, o que me permitiu resgatar as características que desenvolvi em Vitória da Conquista”, afirma. Ele recomenda aos estudantes de jornalismo que, além da TV, se atentem também ao vasto mundo digital, que oferece novas oportunidades.
“O jornalismo, pelo menos na Bahia, caminha a passos largos para conteúdos mais rasos e sangrentos. Tem menos “Josés Raimundos” no ar, guardadas as devidas proporções. O próprio Zé já não está. Imagine eu, mero mortal, qual seria meu futuro no ramo? , Ramom Ferraz.
MOTIVAÇÃO PARA O RETORNO
Após alcançar sucesso em nível nacional, a decisão de retornar à sua cidade natal causou surpresa em muitos. “Muita gente não entendeu nada dessa decisão, mas a verdade é que o status da função nunca me envaideceu”. Mesmo tendo alcançado grandes marcos profissionais, como se tornar repórter nacional da Band, ele sentiu a necessidade de mudar. “Eu e minha esposa, Anuska Meirelles (também repórter), precisávamos de uma rotina mais flexível para dedicar tempo a outros projetos, inclusive familiares”, revela.
Além disso, a qualidade de vida e a possibilidade de ser dono de seu próprio tempo o motivaram a voltar. “Escolhemos ganhar dinheiro sendo donos do nosso próprio tempo, com mais qualidade de vida”.
Com experiência no jornalismo e na publicidade, Ramom e Anuska abriram uma empresa de comunicação integrada e, como sócios, também assumiram cargos importantes em Potiraguá. “Fui empossado secretário de cultura, esporte e turismo de Potiraguá, e Anuska assumiu a assessoria de comunicação do município”, diz ele.
A PAIXÃO PELA MÚSICA
Além do jornalismo, Ramom tem uma grande paixão pela música, algo que o acompanha desde a infância. “Comecei como músico de uma filarmônica e, na pré-adolescência, me dediquei a um grupo musical de igreja. A música sempre esteve presente na minha vida”, conta. Em Conquista, integrou bandas gospel e teve a oportunidade de tocar em eventos importantes. “Tive a honra de tocar na abertura do show de Ivan Lins e em momentos marcantes da música baiana”, relembra.

Na banda “Filhos da Pauta” Arquivo pessoal
“Em Salvador, ele fez parte de uma banda de pop rock chamada “Filhos da Pauta”, formada por comunicadores, incluindo o repórter da Globo, Mauro Anchieta. “Tocamos com frequência em espaços relevantes da capital e adoraria que a banda se apresentasse em Vitória da Conquista também”.
PLANOS PARA O JORNALISMO LOCAL
Agora de volta a Vitória da Conquista, Ramom não descarta a possibilidade de voltar a atuar no jornalismo local. “Após 15 anos de carreira, sendo 10 deles em Salvador, posso voltar a contribuir com o jornalismo conquistense com mais bagagem”, afirma. Ele está avaliando propostas e, assim que algum projeto for adequado à sua nova dinâmica de vida, pretende voltar ao ar. “Estou aberto a projetos em TV, rádio ou outras mídias”, revela.
Com a experiência adquirida ao longo dos anos, Ramom tem o desejo de agregar ainda mais ao jornalismo local, e sua esposa, Anuska, compartilha da mesma paixão. “Temos conversado com a Band Bahia para possíveis conteúdos especiais pelo interior do estado”, conclui.
Com um olhar atento às transformações da comunicação e à busca por uma vida mais equilibrada, Ramom Ferraz se reinventa e se dedica a novos desafios, sempre com o foco no futuro do jornalismo e na qualidade de vida.