Vídeo: “Maldita fila da regulação está matando o povo”, denuncia usuária do SUS na Bahia

A dor de uma família e de toda a sociedade baiana que precisa do SUS, tomou forma em um vídeo. No velório de uma jovem de apenas 31 anos, uma senhora da família, fez um desabafo que ecoa como denúncia e apelo desesperado pela atual situação da saúde pública na Bahia

“Estamos aqui no enterro de uma jovem de 31 anos… olha a minha família como está sofrendo… 31 anos e deixou uma filha de 3 anos.” A voz embargada mal escondia o sofrimento, que se misturava à indignação.

“Sabe o que foi isso aqui? Essa maldita regulação. Essa maldita fila que tá matando o povo!”. Segundo os relatos, a jovem buscou atendimento em uma UPA. Foi diagnosticada e precisava ser transferida. Mas aí entrou na fila da regulação, mas não aguentou esperar.

“A pessoa vai pra UPA, quando é diagnosticada tem que ser transferida… vai pra regulação. E cadê essa regulação que não sai? Não sai!”

O grito de dor virou denúncia: uma crítica ao sistema que, na prática, parece falhar em algumas vezes,  diante da urgência da vida. “A família se desespera, vai de um lado, de outro… e nada dessa regulação!” — dizia a senhora, com a indignação de quem presencia o sofrimento e a morte como consequências da lentidão burocrática.

O que é a “fila da regulação” na Bahia?

A fila da regulação é o nome popular dado ao processo pelo qual pacientes do SUS na Bahia, aguarda uma vaga para internação ou atendimento especializado em hospitais públicos. Essa fila não é física, mas digital e burocrática: ela acontece dentro do sistema informatizado da Central Estadual de Regulação, gerenciada pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab).

Como funciona na prática?

  1. O paciente chega a uma UPA, hospital municipal ou PSF.
    Ele é atendido, e o médico identifica a necessidade de encaminhamento: cirurgia, UTI, exame especializado, internação, etc.

  2. O caso é inserido no sistema de regulação.
    Um resumo clínico do paciente é preenchido, solicitando vaga em alguma unidade que tenha o serviço adequado.

  3. O paciente entra na “fila”.
    Essa fila não é por ordem de chegada, mas por critérios clínicos, prioridade e disponibilidade.

  4. Enquanto espera, o paciente fica “aguardando regulação”.
    Isso pode durar horas, dias ou semanas, dependendo da urgência e da oferta de leitos.

  5. Se surgir vaga, o paciente é transferido.
    Mas se não surgir, ele permanece onde está — muitas vezes sem estrutura adequada, sem tratamento completo ou em risco de agravamento.


 Quais os principais problemas?

  • Falta de leitos suficientes no sistema estadual.
    A regulação não cria vagas — ela apenas tenta “remanejar” as que existem, e são poucas.

  • Demora inaceitável.
    Casos graves aguardam dias por UTI. Pacientes com câncer esperam semanas por cirurgia. Pessoas com fraturas ficam internadas com dor porque não há ortopedista ou sala cirúrgica disponível.

  • Interior penalizado.
    Cidades como Vitória da Conquista, Itapetinga, Jequié e Guanambi dependem de vagas em Salvador ou hospitais regionais saturados.

  • Falta de transparência.
    A família do paciente não consegue acompanhar a posição na fila, nem entender por que outros passam na frente.

  • Falta de comunicação com os municípios.
    Muitas vezes o hospital que está com o paciente não tem contato direto com quem decide lá em cima.

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