Usuários do aplicativo de transporte Uber reclamam que alguns motoristas não querem aceitar o valor estipulado pelo próprio sistema quando consideram o preço baixo. Uma mulher queixou-se em sua conta do Twiiter: “Aqui em Vitória da Conquista é um sofrimento achar um Uber que aceite corrida que eles consideram baratas, eles querem fazer preço fora do app”.
Ainda de acordo com a cliente, um motorista chegou a propor o preço de R$ 80,00 para levá-la ao aeroporto Glauber Rocha. “Eu respondi que já fui para Salvador de avião e só paguei 100 reais”, escreveu a conquistense.
Aqui em Vitória da Conquista é um sofrimento achar um Uber que aceite corrida que eles consideram baratas @Uber_Brasil, eles querem fazer preço fora do app. Um queria cobrar 80 RS para ir até aeroporto Glauber Rocha, eu respondi que já fui para Salvador de avião e só paguei 100 $
Aqui em Vitória da Conquista é um sofrimento achar um Uber que aceite corrida que eles consideram baratas @Uber_Brasil, eles querem fazer preço fora do app. Um queria cobrar 80 RS para ir até aeroporto Glauber Rocha, eu respondi que já fui para Salvador de avião e só paguei 100 $
— Lya (@LyasanLya) October 23, 2019
O problema ocorre em outras cidades do Brasil. A jornalista Juliana Faddul também denunciou caso semelhante no Rio de Janeiro. “O primeiro Uber cancelou a corrida depois de ver que iria para Cidade Tiradentes. O segundo Uber falou que ‘120 reais (valor da corrida) não valia a vida dele’. No terceiro Uber já entrei no carro e soltei ‘estou indo para Cidade Tiradentes. Você quer ou não a corrida?'”, postou.
O primeiro Uber cancelou a corrida depois de ver que iria para Cidade Tiradentes. O segundo Uber falou que “120 reais (valor da corrida) não valia a vida dele”. No terceiro Uber já entrei no carro e soltei “estou indo para Cidade Tiradentes. Você quer ou não a corrida?”
— Juliana Faddul (@juhfaddul) October 22, 2019
Quem dá menos? App russo faz ‘leilão’ para transportar clientes
Está em teste em Belo Horizonte, MG, um novo app em que é o passageiro quem define o valor da corrida. O InDriver funciona como um leilão: o usuário faz a oferta de tarifa e o motorista decide se aceita ou faz uma contraproposta. Condutores privados e taxistas temem que plataforma leve à baixa dos preços e ao sucateamento do setor. A empresa responsável argumenta que menor taxa de administração em relação aos concorrentes permite valor mais barato.
De origem russa, o novo aplicativo, chamado InDriver, já presente em 300 cidades de 26 países, desembarcou no Brasil em novembro e está operando em 24 municípios. Na capital mineira, entrou em fase de testes neste mês, com cerca de 5 mil motoristas cadastrados. É o passageiro quem oferece quanto pagar pelo trajeto. Depois que o cliente faz o lance, os motoristas analisam se aceitam atendê-lo ou não. O condutor tem a opção de apresentar outro valor, definido pela própria plataforma, que aceita somente pagamentos em dinheiro ou cartão de débito.
A reportagem do Jornal Estado de Minas testou o novo aplicativo e conseguiu fazer uma viagem de dois quilômetros, na Região Centro-Sul de BH, pelo mínimo admitido pela plataforma, R$ 5, bem próximo do valor da tarifa de ônibus, de R$ 4,50. Não há uma regularidade no quesito preço e nem sempre a viagem sai mais barata do que pelos demais aplicativos. Os valores dependem, além da negociação entre passageiro e motorista, da média de preço cobrada por outras plataformas.
Numa outra viagem com a mesma distância, o InDriver só admitiu ofertas a partir de R$ 7, informando que outros aplicativos estavam cobrando, em média, R$ 8. Na consulta a outras plataformas feita pela reportagem, porém, o mesmo trecho poderia ser feito por R$ 6,15. Mais tarde, a equipe do EM voltou a oferecer R$ 5 por uma corrida de dois quilômetros na Região Centro-Sul da capital e obteve a contraproposta de R$ 6,50, embora inicialmente o aplicativo tenha sugerido pagar R$ 10 pelo trecho. À noite, houve bastante dificuldade de localizar motoristas, mesmo com o aumento dos valores cobrados.
“Vale a pena receber R$ 5, porque em outro aplicativo há cobrança de taxas e eu acabo ganhando os mesmos R$ 5, ou menos”, afirma o motorista Bruno Fernandes, que há dois anos trocou o volante dos ônibus pelos aplicativos. Mas ele teme uma desvalorização do mercado. “O que as pessoas querem é pagar mais barato que o Uber. Vamos ver o que vai acontecer depois que o InDriver começar a cobrar taxa dos motoristas”, diz.