Por Caique Santos
Falar sobre o que existe após a morte nunca é suficiente no momento do sangramento na carne, na dor dilacerante da morte, uma das certezas que temos na vida.
Desde o início da pandemia que eu não via pessoalmente Wagner. Na tarde, horas antes da sua partida, eu tive que ir em uma reunião de trabalho na rua em que ele morava, no Alto Maron, e quando saí da reunião e ia entrando no carro vi meu primo, conheci pela carequinha, a roupa da Brasilgás e o jeito de andar.
Gritei, “Waaaagner”!!! Ele tava longe. Parou, demorou um pouco pra perceber quem era, sério, mas de repente abre aquele velho sorriso e fala, “E aí, Carlinhos??? Fazendo o que por aqui?” e aí começamos a conversar sobre muitas coisas. No final, combinamos de marcar um churrasco com cerveja. No dia seguinte acordei com uma mensagem de voz no whatsapp dizendo que Wagner morreu.
Eu não acho que tenha sido coincidência nosso encontro casual. Nem eu e muito menos, ele, sabia que quele dia, esta semana, este mês, o mês que tantos membros da nossa família comemora a vida, o nascimento, estar vivo, o dia do aniversário da sua mãe e filha, seria seu dia de não mais comemorar aniversário.
Wagner era sempre alegre. Não tinha tempo ruim, não tratava ninguém pior que ninguém, querido por todos, filho, pai, neto, primo, tio, caminhoneiro, ser humano, cristão exemplar. Não é possível uma boa pessoa não gostar de Wagner.
O céu a partir de agora vai acordar todos os dias com “Bom dia, Bom dia, Bom dia, galeeeeeeeera!!!!!”