Em uma manobra política que busca reforçar a articulação com movimentos sociais de esquerda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou hoje a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o cargo de chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Boulos assume no lugar de Márcio Macedo, que será direcionado a outra função dentro do governo.
A movimentação acontece em meio à busca de Lula por uma reconexão com as bases sociais mais mobilizadas — em especial o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que já foram espaços de atuação de Boulos. A indicação do psolista vinha ganhando força dentro do Palácio do Planalto após sua participação em grandes manifestações contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia — na Avenida Paulista, por exemplo, ele mobilizou cerca de 42 mil pessoas.
Analistas consideram que a escolha de Boulos representa um esforço de Lula para “rejuvenecer” sua base de apoio dentro da esquerda e trazer para o centro do governo uma figura com forte interlocução entre movimentos sociais e jovens ativistas. Já parte da cúpula petista manifestou resistência ao nome devido ao perfil mais combativo de Boulos, mas o presidente decidiu consolidar a nomeação.
Trajetória de Boulos
Guilherme Boulos, de 43 anos, é filósofo e mestre em psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP). Ganhou projeção pública como coordenador nacional do MTST. Em 2018, disputou a Presidência da República pelo PSOL, obtendo mais de 600 mil votos. Em 2020, candidatou-se à Prefeitura de São Paulo, chegando ao segundo turno, e em 2022 foi eleito deputado federal com mais de 1 milhão de votos no estado.
Implicações e próximos passos
Para assumir o ministério, Boulos deverá abrir mão da reeleição ao cargo de deputado federal em 2026 — condição colocada pelo governo como parte da composição política da nova função. Enquanto isso, Márcio Macedo ainda não teve destino definido, mas deve permanecer dentro da estrutura federal, com possibilidade de disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2026.
A nomeação de Boulos traz tanto expectativa quanto tensão: reforça o compromisso de Lula com pautas sociais históricas da esquerda e com os movimentos de base, mas também impõe desafios de articulação interna e de equilíbrio entre os diferentes setores da coalizão governista.
Com informações da ISTO É