A Interpol prendeu nesta sexta-feira (02), na Argentina, um dos traficantes de armas mais procurados da América Latina, o argentino Diego Hernán Dirisio, investigado no Brasil por abastecer o PCC e o Comando Vermelho.
O que aconteceu
Dirisio foi preso em Córdoba com sua companheira, a ex-modelo Julieta Nardi. Os agentes da Interpol os capturaram em Cerro Las Rosas, bairro da zona noroeste da cidade, a 696 km de Buenos Aires.
As investigações tiveram início em 2020 na Delegacia de Polícia em Vitória da Conquista, Bahia, quando dois indivíduos foram detidos em flagrante com 23 pistolas croatas e dois fuzis com indícios de adulteração, além de munições e carregadores. Em dezembro passado, Brasil e Paraguai realizaram uma operação conjunta de combate ao tráfico internacional de armas.
Após a prisão, a Interpol comunicou a captura à Polícia Federal baiana, responsável por descobrir o tráfico internacional que abastecia com armas as organizações criminosas brasileiras.
A Polícia Federal brasileira confirmou a prisão ao UOL. “A PF foi consultada e confirmou ser ele um procurado de alta sensibilidade”, diz em nota. “Todo o trabalho investigativo e a prisão do foragido foram realizados pela polícia argentina.”
Dirisio e a mulher fugiram do Paraguai em novembro de 2023. O traficante já suspeitava de que a Polícia Federal brasileira estava em seu encalço e, por isso, se estabeleceu em Córdoba até a prisão de ontem. A expectativa é de que a Justiça argentina decida se ele será extraditado para o Brasil, “procedimento que pode demorar”, segundo o jornal argentino La Nación.
Mais de R$ 1 bilhão em armas
O traficante importou 230 milhões de dólares em armas, ou R$ 1,1 bilhão em valores de hoje. A Interpol estima em mais de 43 mil as pistolas e fuzis importados da Turquia, Sérvia, República Checa e Eslovênia. Para isso, o traficante usaria a empresa Internactional Auto Supplly S.A, diz o jornal.
Após chegar ao país vizinho, o armamento chegava ao Brasil. As armas tinham seus números de origem alterados em Ciudad del Este, na fronteira com o Paraná, e desviadas para o PCC e Comando Vermelho.
O negócio não era o fornecimento de armas ao mercado legal em nível local. O destino final das armas era os grupos criminosos brasileiros.
PCC dominou o Paraguai
O PCC “tomou conta do Paraguai”, diz o jornal. Nos últimos anos, a organização criminosa se estabeleceu também no país vizinho para se aproveitar da hidrovia Paraná-Paraguai, um centro de distribuição da cocaína produzida no Peru e na Bolívia.
Dirisio se aproveitava de contatos políticos. Além da ligação com a cúpula das Forças Armadas, ele é suspeito de manter vínculo com o ex-vice-presidente Hugo Velázquez, que renunciou ao cargo em agosto de 2022 após se envolver em um escândalo de corrupção que obrigou os Estados Unidos a proibi-lo de entrar no país.
Fonte: UOL