A Angatu Sociedade Literária celebrou, na última quinta-feira (4), o seu segundo aniversário. E como não poderia ser diferente, tudo regado a muita música, prosa e poesia. Estiveram presentes no evento os membros da associação, diversos convidados e simpatizantes do projeto, bem como dois ilustres artistas locais, Gil barros e Paulo Macedo, que encheram a festa de som e poesia.
Instituição sem fins lucrativos, a Angatu é dedicada à biblioterapia, prática terapêutica que consiste na reunião de pessoas que contam suas histórias de vida a partir dos enredos e personagens presentes nos clássicos da Língua Portuguesa e da literatura universal em prosa. No processo, são lidos autores dos quatro cantos do mundo, de todas as línguas e de todas as culturas.
Angatu é uma palavra de origem tupi, que significa “alma boa, alma feliz”. O grupo foi criado por dois amigos professores da área de linguagens, Bite Marques e Lucas Novaes, e desenhou um interessante caminho de interação social e compartilhamento offline de experiências. Na Angatu, os livros são preferencialmente físicos, já que as telas são um fator dispersivo, o que tem contribuído, inclusive, para muitas de nossas angústias contemporâneas.
Presidente da sociedade literária, Bite explica que são explorados livros de autores consagrados no passado e clássicos contemporâneos. “São eles e suas histórias que nos levam a abrir nossas almas uns para os outros, com o propósito de partilhar experiências, falar abertamente sobre tudo, sem tabu ou censura de qualquer natureza, ouvir atentamente e ser ouvido pacientemente, sem julgamentos morais ou políticos, o que nos leva ao desabafo, à purgação dos males da alma”, esclarece o professor.
Desde 2022, muitos livros e muitas histórias foram lidos e narrados: Vida, jogo e morte de Lul Mazrek, do escritor albanês Ismail Kadaré; A farsa da boa preguiça, do nosso Ariano Suassuana; A morte de Ivan Ilitch, de Leon Tolstoi; Ana Terra, clássico moderno de Érico Veríssimo; A humilhação, do brilhante escritor americano Phillip Roth. “Há um vastíssimo “dentre outros”, que nos fazem dialogar entre nós por meio de provocações despertadas nos quadrantes de nossas memórias, de nossos afetos, relacionamentos e frustrações, de nossa relação com o meio ambiente, com a política, com as nossas amizades e amores, enfim, com aquilo que nos torna pessoas únicas”, ressalta Bite.
P.S.: A Angatu não é para iniciados em artes, amantes da literatura ou grandes intelectuais, não exclusivamente; o nosso foco são pessoas que tenham histórias, alguma disponibilidade para leitura e o propósito de falar e ouvir com liberdade.