“O Diário de Rafael” é um testemunho de luta, resiliência e vontade de viver com propósito.
Aos 24 anos, o baiano Rafael Souza dos Santos, transforma sua própria trajetória em literatura, contando com sensibilidade e coragem a história de alguém que nasceu desafiando limites impostos pela paralisia cerebral.
Há histórias que nascem como resistência. Outras, como luz. A de Rafael talvez seja as duas coisas. Nascido em Nova Itarana, no Centro-Sul baiano, o jovem de 24 anos, portador de paralisia cerebral, se descobriu o escritor.
O resultado é ‘O Diário de Rafael”, um livro escrito com paciência, alma e verdade.
“Desde pequeno enfrentei muitas barreiras — físicas, sociais e até emocionais. Mas nunca deixei que isso me definisse”, conta Rafael.
O que o moveu foi mais do que um desejo de superação: foi a vontade de tocar vidas. “Um amigo me disse: ‘Você é prova viva de que ninguém precisa ter pena, porque você não se faz de vítima, você é um guerreiro’. Aquilo me tocou profundamente.”
A partir daí, nasceu a certeza: compartilhar sua história poderia motivar pessoas a não desistirem dos próprios sonhos.
Escrever, para ele, não foi apenas tarefa — foi missão de vida. As dificuldades físicas, como a lentidão ao digitar, exigiram paciência e criatividade. “Usei recursos como o ditado e muita paciência. Cada palavra escrita era uma vitória. Mais do que um desafio técnico, foi uma missão emocional: contar minha história com verdade, sem esconder as dores, mas sempre destacando a força que me fez continuar.”
O livro transborda alma. Não é um lamento, mas um abraço. Um gesto de quem escolheu não ser prisioneiro da condição que o acompanha desde o nascimento. Rafael escreve com honestidade rara. Fala das dores, sim, mas também da alegria, da fé nos sonhos e da beleza das conexões humanas.
Suas inspirações literárias revelam sua sensibilidade: Nick Vujicic, Clarice Lispector, O Pequeno Príncipe. Mas sua maior influência é a própria vida. “Minha escrita vem da vida real — das minhas experiências, da minha luta diária e do desejo de motivar outras pessoas.”
E O Diário de Rafael é só o começo. “Já tenho ideias para outros livros. Quero escrever sobre superação, amizade, sonhos e como a nossa trajetória pode nos transformar.” Ele sonha em ampliar sua atuação para além dos livros, com palestras e projetos que incluam mais pessoas com deficiência no mundo artístico e literário.
Ao fim, ele deixa um recado que vale como um poema de coragem:
“Nunca deixem que os desafios definam o que vocês podem ou não conquistar. Se você tem uma história dentro de si, escreva. Mesmo que pareça difícil, mesmo que o mundo diga que não vai dar certo, vá lá e prove o contrário. Cada palavra que você coloca no papel é uma vitória. Não importa se você escreve devagar, com ajuda, ou de forma diferente. O importante é que a sua voz é única, e o mundo precisa ouvi-la. Acredite no seu potencial, use suas dificuldades como combustível, e lembre-se: quem escreve com a alma toca corações — e isso vale muito mais do que qualquer perfeição técnica.”