O dia 21 de janeiro, no Brasil, foi escolhido, por meio da Lei 11.635/2007, como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data é uma homenagem à Iyalorixá (Mãe de Santo), Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda de Ogum, que faleceu em Salvador, após ser vítima de um ataque de intolerância religiosa.
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Para marcar a data, a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Semdes), em parceria com a rede Caminho dos Búzios, realizará nesta quinta-feira (20), a Alvorada dos Ojás, uma homenagem dos religiosos de matriz africana à cidade de Vitória da Conquista, em que são amarrados laços brancos nas árvores como mensagem a toda população, clamando por paz e pelo fim da intolerância religiosa.
E na sexta-feira (21), a partir das 9h, a equipe da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial (Coopir), da Semdes, estará na Praça Tancredo Neves conversando com a população sobre o significado da Alvorada dos Ojás e também sobre a intolerância religiosa.
“Nosso objetivo é falar com a população sobre o direito ao livre exercício do culto religioso de qualquer credo que é garantido na nossa Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso VI”, explicou a coordenadora da Coopir, Olinda Pereira.
Mãe Gilda sofreu diversos ataques por conta de sua religião durante sua vida.
Além das agressões que culminaram em sua morte, ela teve sua imagem utilizada no jornal Folha Universal, vinculado à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), em 1999 com a manchete “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”.
Na época, a reportagem dizia que estava crescendo um “mercado de enganação” no país. Nela, a imagem de mãe Gilda aparecia com uma tarja preta nos olhos.
Entidade responsável por representar e defender grupos de minorias oprimidas historicamente, a Koinonia passou a representar a família na luta por justiça. A morte de Mãe Gilda aconteceu no dia da assinatura da procuração que constituiu seus advogados para defendê-la no caso, que acabou com a Iurd condenada em primeira instância em 2004 e condenou a Igreja a indenizar a família em mais de R$ 1 milhão.
O caso foi para a segunda instância e no mesmo ano o Tribunal de Justiça da Bahia julgou e condenou a Iurd em decisão unânime por danos morais e uso indevido da imagem da ialorixá Mãe Gilda.
O julgamento ainda foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ficou até setembro de 2008. Os magistérios da instância máxima também condenaram a Iurd, mas a indenização foi reduzida para menos de R$ 150 mil.