Localizada a aproximadamente 220 quilômetros de Vitória da Conquista e com uma população de 13 mil habitantes, Rio de Contas é uma cidade histórica, isso devido a sua linda arquitetura barroca, que foi tombada em 1980 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que preserva até os dias atuais as praças e ruas amplas, igrejas de pedra, monumentos e o casario colonial, além é claro de suas belezas naturais e trilhas, sendo um importante território não só baiano, mas nacional.
Sendo a mais antiga cidade da Chapada Diamantina, Rio de Contas possui uma história marcada por um importante papel no quesito economia. Fernando Pinto, 55 anos, (esposo da Sra. Saionara Pinto responsável pela permanência do tombamento na cidade – Iphan) é morador da região central e conta um pouco da história desta localidade: “Em 1687 a região começou a ser povoada por escravos fugidos e alforriados, sendo a cidade nomeada de Pouso dos Crioulos. Mais tarde, no século XVII, com a vinda dos bandeirantes houve a descoberta do ouro no local, que trouxe uma enorme reviravolta e crescimento da cidade, na época intitulada Vila Nova de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas. Porém, por volta de 1800, quando houve a escassez dessa fonte de renda foi o artesanato em conjunto com o turismo que assegurou a região de um possível desfalque”.
Atualmente em tempos de crise geral em todo território brasileiro, a economia da cidade também foi afetada. Fernando, que trabalha há 28 anos com o turismo e 25 com o artesanato local, produzindo entalhamentos em madeira e colares de pedras, afirma que mesmo o artesanato tendo salvado a cidade anteriormente, agora, a situação é diferente: “a crise afetou muito, os turistas valorizam o artesanato, mas nem sempre levam o que é legítimo da nossa terra que são as peças advindas do aço e da madeira”, disse.
A conterrânea e artesã Vitória Neta, atualmente moradora de Mato Grosso – uma comunidade vizinha – possui uma loja de artesanato no centro da cidade e afirma que se não tivesse dois empregos, não conseguiria sobreviver com apenas a sua loja de artesanato, que produz mantas e cachecóis. Segundo ela. “nos feriados a venda é boa, mas no resto do ano não dá pra se sustentar só de artesanato, por isso trabalho também em um posto de saúde para conciliar a minha sobrevivência”.
Robério Nunes, 39 anos, nasceu na cidade e vê o artesanato como uma saída para ele e sua família permanecerem vivendo ali. Artesão de entalhamento de pedras, fachadas de lojas e estampas de camisas, Robério afirma: “já deu pra se viver bem do artesanato na cidade. Atualmente as vendas ás vezes dão uma esfriada, mas sempre aparece um gato pingado no meio do chão”. Segundo ele, a crise afetou bastante o lucro de toda a região: “É nos períodos de festa e feriados que dá pra equilibrar as vendas sem passar grandes necessidades”, disse. Robério ainda afirma que os principais meios de sobrevivência da região são embasados no serviço público da prefeitura e na agricultura advinda das comunidades vizinhas como Mato Grosso. Assim, o artesanato e turismo ficam em terceiro plano. É através da agricultura e pelo serviço público que a cidade sobrevive nos tempos atuais.