Direitos do ex-presidente Lula foram violados na ‘Lava Jato’, diz Comitê da ONU

GENEBRA, 28 Abr (Reuters) – O comitê de direitos humanos da ONU disse nesta quinta-feira (28) que os processos de corrupção contra o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que levaram à sua prisão e o impediram de concorrer novamente ao cargo em 2018 violaram o devido processo legal.
A descoberta segue uma decisão do ano passado do Supremo Tribunal do Brasil de anular sua condenação por corrupção, o que lhe permitiu lançar uma campanha para as eleições presidenciais de outubro.
Lula é atualmente o favorito para essa votação à frente do titular de extrema-direita Jair Bolsonaro.
“Violações processuais tornaram a proibição de Lula de concorrer à presidência arbitrária e, portanto, uma violação de seus direitos políticos, incluindo seu direito de concorrer”, disse um comunicado em nome do comitê de especialistas independentes.
Lula apresentou uma queixa ao comitê, que supervisiona o cumprimento do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos pelos países, sobre como ele foi levado a julgamento na maior investigação de corrupção do Brasil conhecida como ‘Lava Jato’.
Descobriu que escutas telefônicas durante a investigação e sua divulgação à mídia violaram seu direito à privacidade, enquanto ações do juiz e promotores violaram seu direito à presunção de inocência, disse o comunicado.
Instou o Brasil a “garantir que quaisquer outros processos criminais contra Lula cumpram as garantias do devido processo e evitem violações semelhantes no futuro”.
Lula governou o Brasil de 2003 a 2010 e supervisionou um período de crescimento econômico dramático – impulsionado por um boom de commodities – que ajudou a tirar milhões de pessoas da pobreza.
Reportagem de Emma Farge; edição por John Stonestreet