Inconformados com a decisão do Governador Rui Costa, de se fechar o Colégio Estadual Nilton Gonçalves, dezenas de professores, pais e alunos realizaram neste sábado (25), uma reunião de resistência em relação a postura do governo.
Além da permanência do colégio, houve uma reivindicação dos manifestantes que solicitaram a construção de uma nova unidade que supra o atendimento destes alunos, que necessitam continuar os estudos.
Segundo Judy Silva, o pretexto do Estado para não realizar melhorias no Nilton Gonçalves, seria devido ao fato de o prédio da escola ser alugado: “Ficamos preocupados com isso, porque sabemos que é só pretexto, e acaba prejudicando as crianças, que não tem espaço para educação física, uma biblioteca. Então, queremos a construção de uma nova escola, com tudo que uma escola exige, para que nossos filhos também tenham garantido o direito a uma educação de qualidade”.
Para Alan Rosa dos Santos, estudante há oito anos do Nilton Gonçalves, só haverão impactos negativos para a comunidade diante dessa decisão do Estado, sendo que em sua visão, boa parte dos estudantes não terá alternativas, se não deixar de estudar: “É uma perda lamentável, não apenas para mim, que estou concluindo o terceiro ano, mas para os novatos, que entrariam na quinta série e que moram no alto do Bruno Bacelar. Será muito perigoso atravessar a Rio Bahia. Muitos vão desistir”, afirma Alan, para quem o Nilton Gonçalves é a própria casa. “Eu tô aqui de manhã, de tarde e de noite, ajudando os professores, funcionários da limpeza. Eu tenho esse colégio como minha casa”.
Maria Aparecida Rodrigues Macedo, mãe de um estudante de 15 anos do 9º ano, afirma que o fechamento da escola atingirá a economia familiar e trará diversas outras preocupações. “Será uma dificuldade muito grande, a começar por pensar em meu filho atravessando todo o dia a Rio Bahia. Eu trabalho, minha mãe é uma idosa, está doente, então tenho a facilidade de estar sempre vindo aqui, conversar com os professores, que são amigos. E ainda existe o custo com a condução, pois sou assalariada, mãe solteira, cuido sozinha dele. Então, a gente vai acabar perdendo nossa paz”.
Diante de tanto sofrimento, Yeda Lemos Santos de Oliveira, moradora do bairro Bruno Bacelar, e estudante no colégio pelo programa EJA (Educação para Jovens e Adultos), escreveu um apelo para o Governador:
(Foto: Diário Conquistense)
“Triste e lamentável situação que nós, pais, alunos, professores e toda população aqui do bairro Ibirapuera, Bruno Bacelar, Nenzinha Santos e outros bairros vizinhos estamos vivendo por conta do fechamento do nosso colégio Nilton Gonçalves. Desde o momento em que ficamos sabendo que no ano de 2018 o mesmo será fechado nossos corações de mãe choram de tanta preocupação com nossos filhos e com a gente também.
Sou aluna desse colégio e vejo meu sonho, assim como o sonho de muitos, acabando ali. O governador Rui Costa está destruindo nossos sonhos e tirando a tranquilidade que temos. Isto porque, segundo ele, seremos transferidos pra outros colégios e que nossas vagas já estão garantidas. Mas quero deixar bem claro que não estamos questionando vagas em escolas. Estamos lutando por nossa segurança e a segurança de nossos filhos.
Será que ele tem noção da distância das nossas casas até esses colégios? Será que ele sabe os lugares que vamos precisar passar pra chegar até o mesmo? Com certeza, não sabe, porque se soubesse das nossas dificuldades não estaria cometendo essa falta de humanidade. Escrevo esse pequeno texto em prantos e deixo aqui meu apelo como mãe ao governador Rui Costa: que ele não destrua os nossos sonhos e nos deixe estudar nesse prédio enquanto não se construa o prédio novo”.
A população cansou de permanecer sem voz, ao invés da passividade, a comunidade expressa agora um ar de resistência em busca de melhores condições à educação, qualidade de vida e da execução de seus direitos. Cabe agora, ver se diante de tamanha luta e união destes moradores o Governador dá ouvidos a estas reivindicações e decide ao invés de bater o martelo a favor do fechamento da escola, resolve tomar medidas de fato cabíveis em prol da educação de qualidade para todos, independente do distrito.
Fonte e fotos: Diário Conquistense