Durante o congresso do PC do B, que lançou Manuela D’Ávilacandidata ao Planalto, nesse domingo (19), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou enxergar que a esquerda no país está “fragilizada”, de modo que um de seus principais opositores, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), tem o “direito de ser candidato”, visto que, “o Brasil tem que colher aquilo que planta”.
Diante de uma bancada conservadora no Congresso Nacional, o petista afirmou ver-se diante de um reflexo retrógrado “da sociedade brasileira em 2014”, de modo que, a aliança formada da esquerda está em desvantagem, sendo que para ele será necessário uma mudança no discurso e na postura para ser eleito nas eleições 2018, pois segundo Lula, de nada adianta gritar em prol de causas, e mesmo assim não se evitar que elas aconteçam efetivamente: “Não tenho mais idade de ficar criando o ‘Fora, Temer’ e ele estar dentro, de ficar criando o ‘não vai ter golpe’ e ter golpe. Vamos ter que parar de gritar e evitar que isso aconteça mesmo”, completou.
Segundo Lula, se não fosse o seu histórico de resistência e teimosia em conjunto do PT, ele nunca teria chegado à Presidência, e que portanto, ele é “o único ser humano” que não pode desencorajar alguém que quer ser candidato ao Planalto. O ex-presidente afirmou ainda que “mesmo que não ganhe, se fizer uma campanha ideologicamente organizada, com a militância na rua, vale a pena”.
Luciana Santos, presidente nacional do PC do B, defende à Lula o direito de concorrer à Presidência em 2018. Porém, o partido aguarda uma decisão judicial, visto que se condenado, o petista for condenado se tornará inelegível na disputa de 2018.
Em relação às denúncias da Lava Jato e outras operações, Lula declarou que o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o juiz Sergio Moro, de Curitiba, precisam “provar um real da minha vida que não seja legal”, e afirmou ainda que “um cidadão que não sei quem é apresentou um pedido de bloqueio de R$ 24 milhões meu. Primeiro ele devia ter a decência de falar onde eu tenho R$ 24 milhões”. Segundo Lula, os investigadores ficam “inventando mentiras” e agora “não têm como sair delas”.
Entretanto, caso seja considerado inelegível, Lula conta com uma liminar, que se concedida por um tribunal superior, como Supremo Tribunal Federal, poderá permitir a ele, concorrer à sucessão de Michel Temer.
O ex-presidente lançou ainda, em seu discurso, críticas ao governo de Temer o classificando em conjunto de seus aliados, como “usurpadores”, de modo que para Lula, a reforma trabalhista surgiu para retirar os direitos dos trabalhadores, pois “o compromisso deles é com o mercado, é atender ao desmonte do Estado”, o que caminha em desencontro aos interesses do povo.
Fonte: Folha de S.Paulo