Desde a noite da última terça-feira (26), quando começou a circular uma suposta delação premiada do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) em que o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), seria citado, o meio político entrou em alerta. O texto apócrifo sugeria ao leitor desavisado que a coluna Radar Online, da Veja, trazia a informação ligando supostas irregularidades de Geddel a ACM Neto. Era uma informação falsa. O ex-ministro e o prefeito realmente mantiveram uma aliança política, porém, até o momento, não existe qualquer referência direta ao gestor da capital baiana nos escândalos em que o peemedebista se envolveu. Tal situação, todavia, pouco importava para os adversários de ACM Neto.
Atrelar o prefeito a Geddel é uma forma simplificada de ampliar impactos negativos da aliança entre PMDB e DEM da Bahia. É uma ferramenta política para as eleições de 2018, já que o democrata é virtual candidato ao governo da Bahia. A proliferação da informação, inclusive associada ao líder da oposição na Câmara de Vereadores, José Trindade (PSL), é um sinal de que houve a estreia oficial de uma “fake news” no processo eleitoral baiano. A tensão foi tamanha que o presidente do diretório regional do DEM, José Carlos Aleluia, ameaçou interpelar judicialmente Trindade, afilhado político do governador Rui Costa (PT), por divulgar a notícia falsa. Não que seja novidade o uso desse artifício.
Desde que o mundo é mundo, panfletos, jornais e factoides sempre estiveram presentes nos processos políticos. A novidade é que as redes sociais passaram a permitir uma disseminação mais acelerada, atingindo públicos que não eram tradicionalmente afetados por deploráveis estratagemas eleitorais. Nesse ponto é que o jornalismo volta a ter protagonismo na apuração das informações divulgadas por agentes políticos, segmentos sociais e por anônimos nas redes sociais. A oportunidade para se fazer bom jornalismo bate à porta. E as “fake news” devem estar à margem da democracia que tanto queremos. (R7)