Gaza fica sem internet em meio a ameaça de invasão, ONU faz apelo e Brasil perde contato brasileiros que aguardam resgate
Após as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciarem nesta sexta-feira (27/10) a expansão de suas operações por terra na Faixa de Gaza, diversos veículos de imprensa noticiam a intensificação do conflito na região, atingindo um patamar inédito desde o início da guerra que Israel trava com o grupo radical islâmico Hamas em reação aos atentados terroristas de 7 de outubro.
Gaza sem acesso a telefones e internet
Organizações humanitárias relatam ter perdido o contato com equipes em Gaza. Serviços de telefonia e internet da região teriam sido interrompidos por volta das 18h, horário local. O enclave estaria “incomunicável”, nas palavras de uma empresa palestina de telefonia, a Jawwal, citada pelo jornal Folha de S.Paulo.
O mesmo veículo cita fontes do Itamaraty que afirmam ter perdido contato com brasileiros que aguardam a abertura da fronteira de Gaza com o Egito para fugir do conflito.
O escritório palestino da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho diz temer que o bloqueio inviabilize o acionamento de equipes médicas na região.
A embaixada brasileira na Palestina informou nesta sexta-feira, 27, que perdeu contato com o grupo de 30 brasileiros que aguardal aval do governo israelense para deixar Gaza. Eles estão abrigados próximos à fronteira com o Egito.
“Estamos sem conseguir contatá-los. Estamos tentando, só dá fora de área”, disse o embaixador Alessandro Candea ao jornal O Globo.
Há relatos de que mesmo a comunicação por telefones via satélite não esteja funcionando, conforme relatado por um jornalista à emissora pública alemã ARD – também a equipe da emissora em Gaza estaria incomunicável.
“Perdemos contato com nosso staff em Gaza, com instalações de saúde, trabalhadores da área e o restante de nossos parceiros humanitários ali”, escreveu no X, antigo Twitter, o presidente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, dizendo-se “gravemente preocupado” com a segurança dessas pessoas e com “pacientes vulneráveis”.
Conselho-Geral da ONU pede “trégua humanitária imediata”
Pouco depois do anúncio israelense de intensificação do conflito, a Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou por 120 votos favoráveis uma resolução em que pede uma “trégua humanitária imediata”; a proteção de civis, com o cumprimento de “obrigações legais e humanitárias” por todas as partes; e a “libertação incondicional e imediata de todos os civis presos”.
Apresentado por países árabes em Nova York, o texto teve 14 votos contrários – incluindo Israel e EUA – e 45 abstenções – Alemanha e Ucrânia entre eles.
EUA sinaliza apoio a “pausa temporária”, e Israel diz não poder assegurar integridade de jornalistas na área
Porta-voz da Casa Branca, John Kirby afirmou que o governo americano apoia uma “pausa temporária” nas atividades das Forças Armadas israelenses em Gaza para assistir civis na região e libertar os reféns.
Na quinta, a União Europeia aprovou uma resolução em que pede “pausas” nos bombardeios para assegurar ajuda humanitária. Israel rejeita o pleito, mas diz que o envio de ajuda humanitária é possível, desde que não chegue às mãos de terroristas.
Temores sobre agravamento de situação humanitária de civis e expansão do conflito
As FDI já realizaram antes outras incursões de poucas horas pela Faixa de Gaza – a última e mais significativa, na madrugada anterior, envolveu blindados e teve caráter “preparatório”, segundo os militares israelenses.
As Nações Unidas e outras organizações humanitárias alertam para o risco de que uma invasão em larga escala possa piorar a situação da população civil na região e aumentar o saldo de mortos. Sob cerco militar, palestinos em Gaza estariam sendo severamente desprovidos de serviços básicos essenciais, como água potável, alimentos e energia.