Governo Municipal ampara famílias desalojadas pelas chuvas. Medida prevê aluguel social
Desde a noite de quinta-feira (20), o grupo de natureza multidisciplinar, formado por representantes da Defesa Civil e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), visita as famílias, cujas casas foram atingidas por alagamentos, em decorrência das chuvas, para viabilizar a assistência do Governo Municipal, a exemplo do aluguel social.
Neste sábado (22), enquanto servidores das secretarias municipais de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Serviços Públicos (Sesep) e da Defesa Civil atuavam em conjunto com as máquinas da Prefeitura, envolvidas na desobstrução de vias do Panorama e do Santa Cecília, outra equipe percorreu o bairro Campinhos para providenciar ajuda humanitária aos necessitados.
Mesmo com a água tendo baixado, a casa de dona Josefa ainda mostra os sinais da inundaçãoDe acordo com o levantamento da Defesa Civil, 30 residências foram alagadas pelas chuvas. Dessas, pouco mais de 10 registraram prejuízos maiores. Em cinco casas, as famílias tiveram de ser retiradas do imóvel, após a avaliação técnica concluir a possibilidade de riscos se elas continuassem no imóvel. Somadas às duas famílias desalojadas na região do Panorama e do Santa Cecília, o total de casos de transferências chega a sete.
Algumas famílias foram alojadas de forma provisória em casa de parentes. Para as demais, a equipe providenciou o aluguel social. É o caso da aposentada Josefa Maria de Jesus, 77 anos, moradora da Rua Santa Rita, nos Campinhos.
Ela estava sozinha na manhã de sexta-feira (21), quando a água invadiu a casa e chegou a atingir um metro de altura – o que ficou visível pelas marcas deixadas nas paredes. A única reação de dona Josefa foi fechar rapidamente as portas e sair da casa, em busca de um lugar mais seguro. “Tenho muito medo de água”, ela contou.
A neta de dona Josefa, Jéssica Santos, 33 anos, lamentou a perda de objetos, documentos e móveis. “Não deu tempo de tirar as coisas do lugar, porque foi muito rápido”, disse a jovem, que não mora com a avó, mas foi até lá para oferecer ajuda. A mãe de Jéssica e filha de dona Josefa, Anatália de Jesus Santos, 49 anos, não testemunhou a cena do alagamento, pois estava em viagem. Mas, assim que retorno, viu os estragos e ouviu da filha que o cenário incluía até uma bicicleta boiando no meio da sala, completamente alagada.
Hoje, já livre da água, a família se via às voltas com objetos e móveis empilhados pelos cômodos, uma geladeira em risco de não voltar a funcionar e colchões e roupas ainda encharcados, à espera de que o sol apareça novamente para secar. “Num lameiro desse, a gente não sabe nem por onde começar a limpar”, lamentou Anatália, depois de conversar com a equipe técnica e preencher o formulário que lhe garantia o acesso ao aluguel social.
Ocorrências
As ocorrências registradas no bairro Campinhos e na região do Panorama e do Santa Cecília tiveram naturezas diferentes, como explicou o engenheiro da Defesa Civil, Gabriel Queiroz. “No Alto Maron, mais precisamente no Panorama e no Santa Cecília, a gente tem uma característica diferenciada, porque as vias do Panorama não são pavimentadas e têm um declive acentuado, um desnível muito grande da parte alta para a parte baixa. E, com o volume de chuva, o que ocorre muito é a interdição das vias por conta do carreamento de materiais. As vias vão perdendo a aderência por causa da água, que vai precipitando e penetrando no solo, provocando o deslizamento de materiais e interdição do fluxo das vias”, explicou Gabriel.
Já nos Campinhos, cuja região registrou o maior índice isolado de precipitação nesta sexta-feira (21) – cerca de 70 milímetros -, o problema está nas águas pluviais que descem da parte mais alta da zona oeste, de bairros como Cidade Maravilhosa, Urbis IV, Urbis V, Vilas Serranas, parte do Ibirapuera, Nossa Senhora Aparecida e Terras do Remanso, chega à Lagoa das Bateias e de lá vai para os Campinhos.
“Os Campinhos recebem o volume da chuva de lá e mais o da zona urbana. Por isso, houve a inundação do canal na parte baixa dos Campinhos, acabou inundando o bairro e prejudicando as famílias”, analisou o engenheiro.
Segundo a coordenadora da Defesa Civil, Rosa Freitas, o Governo Municipal chegou a considerar a necessidade de viabilizar um abrigo provisório. Porém, após as vistorias feitas pela equipe multidisciplinar, neste final de semana, concluiu que por enquanto não há necessidade. “Não há, até o momento, casos de famílias desabrigadas. Fizemos o giro nos pontos críticos que estamos acompanhando desde as chuvas anteriores, a exemplo das localidades de Paixão, Choça, Lagoa das Flores, Itapirema. E, por enquanto, esses locais estão em situação considerada ‘normal’, dentro do volume de chuva ocorrido no município”, explicou a coordenadora.