Por Edgard Neto
O governo do prefeito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão Pereira, apresenta sofrer de uma doença progressiva: “a de não estar sabendo se comunicar”. E o diagnóstico foi feito por ninguém menos que um de seus mais próximos secretários: André Ferraro, que, após uma entrevista ao jornalista Caíque Santos no programa Sudoeste Agora, na última segunda – feira, teve sua exoneração publicada em tempo recorde.
Diz o ditado: “A mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta”. Se o governo Gusmão não está sabendo fazer a comunicação política e institucional adequada, por outro lado tem servido um prato cheio às críticas dos seus opositores. Mesmo fazendo, até então, um “excelente governo” nas palavras do próprio Ferraro, a falta de respaldo do prefeito ao veículo oficial de comunicação da prefeitura, a SECOM, tem sido facilmente suprimida e substituída por uma enxurrada de hoaxes proliferados em blogs e mídias sociais.
Dessa forma, a sucessão de desinformações, tem repercutido dentro e fora da prefeitura, ocasionando desgastes e culminando na exoneração de vários colaboradores a exemplo de Ferraro. A já transparecida insegurança do prefeito em gerir sua própria equipe o impossibilita fazer o jogo de bastidores e esse é o sintoma de uma grave, porém tratável doença política.
Podemos tomar como exemplo o modelo de comunicação feito pela gestão anterior. Que tinha uma visão mais personalista, ou seja, centrada na figura do gestor. Atrelava-se à comunicação institucional a “venda” de um produto político. Assim fizeram de Guilherme Menezes não só um personagem, mas deram-lhe uma “carapaça” sólida para governar e pautar de forma centralizadora a política interna da prefeitura. Diferentemente do modelo petista, Gusmão (que passou a ser chamado por Pereira), mostra-se completamente perdido em comunicar as ações públicas da prefeitura na forma ideal. Crítico severo dos governos anteriores, agora experimenta o outro lado da moeda, subvencionando a comunicação da prefeitura a veículos e pessoas de fora da SECOM/PMVC- erro nunca cometido por Menezes.
Já Ferraro, que possui extensa bagagem no meio político e publicitário, foi quem de dentro do próprio DEM, em 2010, “profetizou” a derrota de Paulo Souto no primeiro turno para o governo do estado. Naquela ocasião atribuiu à influência de pessoas “subqualificadas” uma culpa pelo resultado daquele pleito. Agora, com um mesmo tom de dramaticidade, expõe publicamente os erros do governo Gusmão, a quem diz defender como amigo. Diz ainda que o prefeito, da mesma forma que Souto, sofre influência de terceiros, todavia não aponte quem seja o “Rasputin” dessa vez.
Mesmo que não fosse o responsável direto pela saúde do município, o ex-secretário foi capaz de diagnosticar que a ferida do governo Herzem Gusmão Pereira está ligada à comunicação, sua área. Sabe-se que Gusmão, apesar de tê-lo prescindido, ainda conta com uma equipe de renome na pasta e que devidamente respaldada, poderá ajuda-lo. No entanto, um alerta se faz pertinente: de que todo ferimento grave, se não tratado a tempo e com a medicação correta, tende a atingir consequências mais trágicas.
Ferraro, que ainda alegou estar de licença médica, diagnosticou e prescreveu o tratamento à prefeitura. A resposta, atípica, viria de forma oficial com esclarecimentos sobre as “prerrogativas legais de exoneração”.
Outro fator agravante é o fato de um órgão público emitir notas ad hominem. Talvez esse seja o indício de que, além de “nu”, o “rei” demonstre relutância em se cobrir.