O medo une pessoas e interesses. A possível prisão de Lula pode deixar a porta da cadeia aberta para outros caciques do MDB,PSDB e PT. Pra você ter uma ideia, um aliado de Lula chegou a procurar um ministro de Michel Temer no mês passado para reclamar do que considerava uma postura passiva do governo diante do risco de prisão do ex-presidente. Indignado, o petista argumentou que o Planalto deveria se valer de sua influência no Judiciário para reagir a uma caçada aos políticos que também mira a cúpula do MDB. Senadoras petistas fizeram uma vista surpresa à Ministra Carmem Lúcia pressionando que seja colocada em pauta, o mais breve possível, a rediscussão sobre a prisão em segunda instância.
Tucanos também procuraram integrantes do Supremo para alertar que a ida do ex-presidente para a cadeia poderia até fortalecer o petista politicamente e provocar ainda mais incertezas nas próximas eleições.
STF amarelando – A pressão está dando certo. Há entre os togados do STF quem foi convencido a ajudar Lula e estão atuando no corpo-a-corpo junto a Cármen Lúcia.
O grande perigo por trás da análise sobre a prisão de Lula vem de uma combinação explosiva que pode deixar fora das grades não apenas ele, mas uma série de outros políticos e empresários envolvidos em casos de corrupção. E é por isso que Cármen Lúcia tem resistido ao máximo em levar o tema ao plenário do Supremo, apesar da marcação cerrada que tem sofrido não somente de petistas e aliados do ex-presidente, mas também de alguns dos próprios colegas.
No STF, há hoje uma forte sensação de que a Corte poderá alterar seu entendimento sobre a possibilidade de prisão em segunda instância, caso o tema volte à baila. O Supremo já se manifestou três vezes sobre a questão, e em todas as ocasiões prevaleceu o entendimento de que a prisão é possível, ao término do julgamento em segunda instância. Na última vez, em novembro de 2016, o placar registrou 6 votos a 5. Ocorre, porém, que informações de bastidores dão conta de que alguns ministros podem mudar de ideia em nova votação.Interlocutores de Cármen Lúcia dão como certo, por exemplo, que o ministro Gilmar Mendes é um dos que teriam mudado de posição em benefício do ex-presidente. Não seria o único.
O receio com os efeitos políticos é só a justificativa mais imediata para essas discussões. Além de Lula, há nas fileiras do PSDB e do MDB uma série de figurões que ficarão em perigo caso sejam derrotados nas urnas e percam o foro especial. Nesse caso, pegar carona com os petistas pode ser um bom negócio.
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPr), José Robalinho Cavalcanti, não acredita que os ministros do STF se curvarão. Nós, povo honesto e apartidário, esperamos também que não.
(Com informações da Folha e Istoé)