Carlos Rittl e André Ferretti, membros da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, comentam os fenômenos meteorológicos recentes na serra fluminense e defendem a implantação de infraestrutura verde nas áreas urbanas
O temporal que devastou Petrópolis (RJ) nessa terça-feira, 15, deixando quase 200 mortos, até o momento desta postagem, e muita destruição por toda a cidade, levanta novamente a questão sobre o modelo de urbanização que predomina em todo o Brasil. Diante da tendência de aumento dos fenômenos climáticos extremos nos próximos anos, provocados pelo aquecimento global, medidas para adaptação e resiliência das cidades tornam-se cada vez mais necessárias, de acordo com especialistas.
Além de políticas públicas para retirar moradores de áreas de risco, uma das formas de minimizar o impacto das enchentes na vida da população é a implantação de infraestrutura verde, ou seja, estratégias de adaptação que considerem a natureza como solução para os desafios urbanos. A infraestrutura verde pode contribuir também para a solução de problemas como a escassez hídrica, desaparecimento da biodiversidade, problemas de saúde e avanço do nível do mar em regiões costeiras. O tema tem mobilizado diferentes atores e gerado conteúdos específicos, presente na atuação da Aliança Bioconexão Urbana e da publicação Cidades Baseadas na Natureza.
Para falar sobre os fenômenos climáticos recentes, as mudanças no clima do planeta e a importância de políticas públicas que estimulem a adaptação das cidades aos desafios do futuro, inclusive com exemplos de boas práticas de Soluções Baseadas na Natureza já existentes no Brasil e no exterior, colocamos à disposição para entrevistas:
CARLOS RITTL – membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation, da Noruega; pesquisador do Instituto para Estudos Avançados em Sustentabilidades (IASS) de Potsdam, na Alemanha; ex-secretário-executivo do Observatório do Clima; administrador; mestre e doutor em Ciências Biológicas.
ANDRÉ FERRETTI – membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e gerente sênior de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, André Ferretti.
Sobre a Rede de Especialistas
A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes em www.fundacaogrupoboticario.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
Com 31 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no país. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.
Mãe soterrada com filhos em quarto de casa
Débora Lichtenberger Moreira, de 22 anos, morreu abraçada aos dois filhos, Gustavo e Heloise, de 5 e 2 anos. Ela tentava protegê-los do desmoronamento no quarto de casa, o único cômodo atingido pelos escombros em meio ao forte temporal. O corpo da mãe foi sepultado ao lado das crianças. Em vez de uma citação na lápide, Débora deixou para as crianças uma mensagem na descrição do seu perfil no Facebook: “Meus anjinhos. Amo vocês eternamente”.
Nas redes sociais, Débora compartilhou com amigos e parentes a alegria de ser mãe ainda na adolescência. Ela só tinha 16 anos quando engravidou pela primeira vez, como revelou em uma foto da ecografia no dia 1º de janeiro de 2016.
Em um dos últimos registros das crianças nas redes sociais, Débora, que era mãe solo, postou uma foto de costas, de mãos dadas com os dois, com a legenda: “Meu tudo” e um emoji de coração.
A jovem, que postou mensagens de luto pelas mortes dos pais entre novembro de 2019 e abril de 2020, agora motivou um desabafo da irmã Luana Medeiros, na madrugada de quarta-feira (16). “Esse vazio vai ficar para sempre no meu coração”.