Por Caique Santos
O Conselho Universitário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), deliberou na última quarta-feira (21) pela suspensão da Seleção via Regime Especial de Direito Administrativo (REDA), promovido às pressas pelo Reitor Paulo Roberto, justamente na época das eleições. O Reitor usou seu poder legal para vetar a decisão do CONSU no dia seguinte e afirmou por meio de nota que o processo seguirá normalmente.
A Adusb tem razão, o edital é problemático desde que nasceu, tendo inclusive sofrido três retificações, alterando os critérios de pontuação, o calendário de inscrições e o próprio conteúdo. Ainda assim, os professores e até mesmo muitos que prestaram o concurso, estranham que o edital não prevê aplicação de provas para demonstração de conhecimentos nas áreas, nem entrevistas. Muitas vagas são para preencher os quadros de profissionais da Rádio e TV Uesb em cargos que exigem conhecimento teórico e prático.
O edital diz que “o processo seletivo será constituído de uma única etapa, Análise Curricular, de caráter eliminatório e classificatório”. Interessante também que após o resultado, praticamente todos os que já estavam trabalhando no Surte passaram em primeiro lugar com nota máxima.
Além da Adusb, pelo menos cinco Departamentos da universidade questionaram a ausência de provas no processo seletivo e os critérios utilizados para a análise dos currículos e propuseram a aferição de conhecimento por meio de provas e títulos, como preconiza a Lei Estadual nº 12.209/2011, em seus Art. 152-154.
Mas afinal, por que a Reitoria não acata as recomendações do Consu e da Adusb e cria um edital com provas?
O professor do Curso de Comunicação e jornalista, José Duarte, responde: “Quem conhece e vivencia o dia-a-dia da Uesb (…) sabe que é impossível não associar este processo seletivo de servidores com o processo eleitoral para escolha dos novos dirigentes da instituição, que ocorrerá em abril de 2018, para o quadriênio 2018-2022”, diz em nota enviada à imprensa. Duarte explica que “na eleição para Reitor, o voto é proporcional. O voto do técnico vale muito mais do que o voto de estudante. Em eleições passadas, o peso eleitoral de 82 técnicos correspondia a, no mínimo, 600 alunos, na hora da apuração dos votos. Agindo dessa maneira, a administração da Uesb passa a impressão de que quer manter sob o seu estrito controle a escolha dos servidores que podem vir a fazer parte do universo de eleitores da eleição para Reitor”, diz o professor, que ainda acusa o Reitor de adotar “medidas administrativas que sugerem a primazia de interesses pessoais ou de grupos específicos”.
Para o professor “Zé Carlos”, o Reitor está fazendo uma manobra. “Temos que condenar a realização desse REDA agora faltando alguns dias para a eleição. Vai aumentar a quantidade de eleitores no setor que tem um peso muito importante para quem está chegando agora e que não vivencia a cultura de Universidade no seu dia a dia. Então todos nós achamos e desejamos que a Reitoria ao invés de realizar essa REDA deveria chamar o governador, chamar o secretário de Educação no sentido de realizar um concurso”, diz Zé Carlos que é também técnico-administrativo da UESB e apoia o professor Luiz Otávio para reitor.
Reitor não quis dar entrevista – Nosso Blog tentou agendar uma entrevista na sexta-feira (23) de manhã e recebemos no final do dia a seguinte resposta: “Não foi possível agendar a entrevista com o professor Paulo. Pedimos que considere a nota assinada por ele, disponível no site da Universidade, na qual o reitor presta esclarecimentos sobre o processo seletivo Reda e outras decisões sobre esse mesmo processo”.
Na nota escrita pelo Reitor, ele argumenta que o edital “feito nas coxas”, se deu pela “urgência do preenchimento de vagas em razão do desligamento de todos os prestadores de serviços continuados desta Universidade, que ocorrerá no próximo dia 28 de fevereiro, para atender às recomendações do Ministério Público Estadual, Ministério Público do Trabalho e Tribunal de Contas do Estado” e ainda diz que que “as 82 vagas (…) só foram autorizadas no último dia 22 de dezembro de 2017 pelo Governo do Estado”, motivo para que o processo seletivo não pudesse ser feito antes e caindo por “mera coincidência” na época da eleição.