O Dia da Luta Antimanicomial foi celebrado nesta terça-feira (18). A data é um memorial para todos os pacientes psiquiátricos e relembra a dificuldade e a transição de um modelo de intervenção manicomial para um modo mais humanizado de tratar os pacientes com transtornos mentais e usuários de substâncias psicoativas.
Em Vitória da Conquista, a data foi um momento de alegria e de reencontro para os pacientes, família e equipe de saúde do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) . Marcos Silva, ou Marcos Poeta, como é conhecido no CAPS II, é poeta e músico, e se tornou palestrante e oficineiro no serviço. “No final de 2013 entrei em depressão e por conselho de um amigo procurei o CAPS. Em janeiro deste ano fez sete anos que estou aqui no CAPS”, relembrou.
Estável e plenamente integrado à comunidade, ele foi protagonista na ação de ontem, na sede do Caps II, onde cantou, declamou seus poemas e foi muito aplaudido. “Hoje ajudo outras pessoas. Com minha experiência na luta contra a depressão, ajudo as pessoas a vencer suas batalhas. Quando a gente entra em depressão, o pior medo da gente é o que a gente pensa. É a nossa imaginação.”
Marcos tem um poema chamado: antimanicomial, que ele fez questão de declamar no CapsII, durante a manhã, e na live realizada à tarde, no canal oficial da Prefeitura. Na live, profissionais do Caps IA, II e AD III abordaram as experiências das equipes dos serviços de manter o tratamento aos usuários em tempos de pandemia.
Durante a live, a coordenadora de Saúde Mental do município, Thayse Fernandes, afirmou que a luta antimanicomial nunca esteve tão atual para todos os profissionais que estão à frente dos serviços especializados em saúde mental. “Estamos completando mais de um ano dessa situação impositiva e percebemos a importância de lutar pelo cuidado em liberdade, garantindo a assistência a esses usuários, mas também fazendo um novo movimento e nos reinventando diante de grandes dilemas, lançando mão da criatividade, para garantir a promoção de cuidado e a pandemia nos obrigou a isso”, ressaltou a coordenadora.
A Luta Antimanicomial no Brasil completa 34 anos e é necessário reafirmar a necessidade da continuidade da luta por uma sociedade sem manicômios, por um cuidado em liberdade e sem exclusão, afinal, a liberdade foi a grande conquista da reforma psiquiátrica. De acordo com Joísa Ramalho, psicóloga do CAPS II do município, essa “é uma data de luta, de resistência e de invenção de novas práticas. É sempre um desafio, agora intensificado em tempos de pandemia, que aumentou a demanda, para o cuidado psicossocial, para que se amplie além da medicalização e do controle, a valorização dos diferentes modos de existir.”
Em Vitória da Conquista, uma residência terapêutica acolhe os egressos do hospital psiquiátrico Afrânio Peixoto e dois pacientes de Feira de Santana. “O principal objetivo é integrar esses pacientes à sociedade. Hoje esses moradores têm vida social normal. Vão ao centro da cidade, praças, lojas, supermercados, fazem exames em postos de saúde. O nosso objetivo é integrá-los plenamente à sociedade”, relatou Maria Alice Vilasboas, responsável técnica pela residência.