Em apenas cinco horas, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) regulou 368 pacientes durante um mutirão realizado neste sábado (17), com foco em acelerar transferências de casos complexos, especialmente nas áreas de oncologia e neurocirurgia. Também foram contempladas demandas de cirurgia urológica, ortopedia, clínica médica, dentre outras.
A mobilização reuniu médicos reguladores, gestores estaduais e diretores de hospitais da capital e do interior, com participação de unidades em Teixeira de Freitas, Ilhéus, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Alagoinhas, Jequié e Ribeira do Pombal. A ação continua até o fim do dia.
Desde o início do ano, a Central Estadual de Regulação já solucionou mais de 116 mil casos vindos dos 417 municípios baianos. Do total, metade foi atendida em até 24 horas e 88% em até 72 horas.
Entre os hospitais que mais receberam pacientes regulados durante o mutirão estão o Hospital Estadual Costa das Baleias, o Hospital Geral Roberto Santos, o Hospital Regional Costa do Cacau, o Hospital Geral Clériston Andrade, o Hospital Geral Santa Tereza e o Hospital Geral de Vitória da Conquista.
A secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, reforçou o empenho da gestão. “Nosso foco é acelerar as transferências para garantir acesso rápido aos serviços de referência. Já abrimos mais de 3 mil leitos em dois anos e reforçamos a rede municipal com a entrega de equipamentos e mais de 500 ambulâncias para urgência e emergência”, afirmou.
Para a diretora da Central, Rita Santos, os mutirões são estratégias importantes para tornar o fluxo mais eficiente. “Essa mobilização permite respostas mais rápidas e fortalece a regulação como ferramenta essencial de cuidado”, afirmou.
A Central Estadual de Regulação funciona ininterruptamente, com equipe formada por 220 médicos de diversas especialidades e 190 auxiliares. Os profissionais avaliam os pedidos, priorizam casos graves, coordenam o transporte e a comunicação entre unidades, e garantem que o paciente vá para o local adequado ao seu tratamento. O mutirão reforça o compromisso do Governo do Estado com uma assistência pública mais ágil, resolutiva e humanizada.
VÍDEO DE MULHER NO CAIXÃO APÓS ESPERA NA FILA DA REGULAÇÃO VIRALIZOU
A dor de uma família e de toda a sociedade baiana que precisa do SUS, tomou forma em um vídeo. No velório de uma jovem de apenas 31 anos, uma senhora da família, fez um desabafo que ecoa como denúncia e apelo desesperado pela atual situação da saúde pública na Bahia
“Estamos aqui no enterro de uma jovem de 31 anos… olha a minha família como está sofrendo… 31 anos e deixou uma filha de 3 anos.” A voz embargada mal escondia o sofrimento, que se misturava à indignação.
“Sabe o que foi isso aqui? Essa maldita regulação. Essa maldita fila que tá matando o povo!”. Segundo os relatos, a jovem buscou atendimento em uma UPA. Foi diagnosticada e precisava ser transferida. Mas aí entrou na fila da regulação, mas não aguentou esperar.
“A pessoa vai pra UPA, quando é diagnosticada tem que ser transferida… vai pra regulação. E cadê essa regulação que não sai? Não sai!”
O grito de dor virou denúncia: uma crítica ao sistema que, na prática, parece falhar em algumas vezes, diante da urgência da vida. “A família se desespera, vai de um lado, de outro… e nada dessa regulação!” — dizia a senhora, com a indignação de quem presencia o sofrimento e a morte como consequências da lentidão burocrática.
O que é a “fila da regulação” na Bahia?
A fila da regulação é o nome popular dado ao processo pelo qual pacientes do SUS na Bahia, aguarda uma vaga para internação ou atendimento especializado em hospitais públicos. Essa fila não é física, mas digital e burocrática: ela acontece dentro do sistema informatizado da Central Estadual de Regulação, gerenciada pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab).
Como funciona na prática?
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O paciente chega a uma UPA, hospital municipal ou PSF.
Ele é atendido, e o médico identifica a necessidade de encaminhamento: cirurgia, UTI, exame especializado, internação, etc. -
O caso é inserido no sistema de regulação.
Um resumo clínico do paciente é preenchido, solicitando vaga em alguma unidade que tenha o serviço adequado. -
O paciente entra na “fila”.
Essa fila não é por ordem de chegada, mas por critérios clínicos, prioridade e disponibilidade. -
Enquanto espera, o paciente fica “aguardando regulação”.
Isso pode durar horas, dias ou semanas, dependendo da urgência e da oferta de leitos. -
Se surgir vaga, o paciente é transferido.
Mas se não surgir, ele permanece onde está — muitas vezes sem estrutura adequada, sem tratamento completo ou em risco de agravamento.
Quais os principais problemas?
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Falta de leitos suficientes no sistema estadual.
A regulação não cria vagas — ela apenas tenta “remanejar” as que existem, e são poucas. -
Demora inaceitável.
Casos graves aguardam dias por UTI. Pacientes com câncer esperam semanas por cirurgia. Pessoas com fraturas ficam internadas com dor porque não há ortopedista ou sala cirúrgica disponível. -
Interior penalizado.
Cidades como Vitória da Conquista, Itapetinga, Jequié e Guanambi dependem de vagas em Salvador ou hospitais regionais saturados. -
Falta de transparência.
A família do paciente não consegue acompanhar a posição na fila, nem entender por que outros passam na frente. -
Falta de comunicação com os municípios.
Muitas vezes o hospital que está com o paciente não tem contato direto com quem decide lá em cima.