Na tarde desta segunda-feira (19), a Câmara Municipal de Vitória da Conquista recebeu a diretora-geral da Fundação Pública de Saúde de Vitória da Conquista (FSVC), Ceres Almeida, para uma reunião privativa com os vereadores, fora do auditório e sem a participação de público. O objetivo foi debater a situação do Hospital Esaú Matos e buscar alternativas para melhorar o atendimento à população, diante de crescentes desafios enfrentados pela unidade.
O presidente da Câmara, Ivan Cordeiro – que articulou a reunião –, se comprometeu com a mobilização da Casa. “Esta reunião com a presença maciça de vereadores é uma demonstração de que esta Casa entende a urgência e a importância do Esaú Matos para Vitória da Conquista e região. Vamos abraçar essa causa do Esaú e ajudar a mudar esse cenário”, disse.
Ceres Almeida destacou a importância do hospital, referência em saúde materno-infantil em toda a região, e fez um apelo por apoio institucional e político, “Todos vocês que estão aqui na Câmara de Vereadores estão pensando na população, e estão aqui porque ela elegeu e confia em vocês. O Esaú é uma peça fundamental, é onde a população que não tem condição de pagar em Vitória da Conquista nasce. A gente está lá para fazer o melhor trabalho possível”, afirmou.
Ela relatou os esforços da equipe em reorganizar processos e reforçar a segurança no atendimento, mas fez um alerta sobre o subfinanciamento da unidade: “Estamos fazendo tudo o que é possível para evitar erros, reforçando a equipe e nos organizando. Mas o recurso atual não é suficiente. Precisamos de mais apoio para manter o atendimento com segurança e qualidade”.
Ceres também destacou a gravidade da redução de leitos ao longo dos anos. “Participei da auditoria de todos os hospitais materno-infantis da região. É um caos anunciado. Ou se investe nessa área, ou a situação vai piorar. Quando era secretária, fiz o cálculo: 84 leitos eram o mínimo para nossa região. Hoje temos apenas 60. O Esaú já atendia uma macro região. Isso é insustentável”, ressaltou.
Vereadora sugere CPI do Esaú Matos
Na última sessão da Câmara, a vereadora Márcia Viviane (PT), que já foi secretária de saúde do município e participou em 2011 da Fundação de Saúde de Vitória da Conquista, que gere o Hospital Esaú Matos, afirmou que desde esse ano, o Esaú passou a atender com perfil regional — não só em Vitória da Conquista, mas também em toda a região Sudoeste e até no Norte de Minas e que isso não é algo recente.
“O Esaú enfrenta, sim, um problema grave. E, se for instaurada uma CPI ou qualquer outro tipo de apuração mais profunda, vamos identificar claramente quais foram os problemas ocorridos. Tanto é que o Conselho Municipal de Saúde reprovou todas as prestações de contas da Fundação de Saúde de Vitória da Conquista”.
Hospital Esaú Matos enfrenta sobrecarga e entra em estado de alerta
O Hospital Esaú Matos, referência em maternidade e atendimento infantil no sudoeste da Bahia, vive um momento de crise. A unidade, que deveria atender prioritariamente à população de Vitória da Conquista, hoje funciona como um hospital regional — e até interestadual — sem, no entanto, dispor da estrutura e do investimento compatíveis com essa realidade.
Durante entrevista ao Bahia Meio Dia, da TV Sudoeste, a prefeita Sheila Lemos revelou preocupação com a alta demanda que o hospital tem enfrentado. Segundo ela, gestantes e crianças de diversos municípios baianos e até de outros estados, como São Paulo, têm recorrido ao Esaú, o que tem gerado sobrecarga, filas e esgotamento da capacidade de atendimento.
Sheila afirmou ainda que esteve em reunião com o governador Jerônimo Rodrigues, que se comprometeu a levar ao presidente Lula a proposta de construção de um novo hospital maternidade em Vitória da Conquista. A ideia é desafogar o Esaú Matos e garantir um atendimento mais digno às mães e bebês da região.
Enquanto isso, o cenário atual é de esgotamento. Faltam leitos, profissionais trabalham no limite e pacientes esperam por atendimento com angústia. O hospital, que já foi símbolo de excelência no atendimento materno-infantil, agora se vê à beira de um colapso.
Isso sem falar no crescente índice de óbitos de crianças, que não sabemos se tem alguma relação com a falta de recursos e a quantidade de atendimentos. Esse tema ainda é pouco falado. A população, que depende diretamente da estrutura do Esaú, espera que as promessas de novas unidades e reforço nos investimentos saiam do discurso e virem ação concreta. Porque, como costuma acontecer na saúde pública, quem paga a conta, sempre são os mais vulneráveis.