Mais quatro países europeus suspenderam o uso da vacina de Oxford/AstraZeneca em suas campanhas de vacinação contra a covid-19 nesta segunda-feira, 15. Alemanha, França, Espanha e Itália disseram que tomaram a medida como forma de precaução depois de casos de trombose registrados no continente. A relação entre os casos e os imunizantes não está comprovada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda continuar o uso do produto, que já tem sido usado na campanha nacional de imunização do Brasil.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou oficialmente que não há indícios concretos de que a vacina esteja relacionada ao aumento do risco de coágulos sanguíneos. De acordo com a agência, os 30 casos registrados entre os cinco milhões de imunizados com a vacina de Oxford/AstraZeneca não é superior aos que ocorrem na população em geral.
A Itália já havia suspendido o uso de um lote da vacina na semana passada depois da morte de um militar e um policial no sul do país. Os casos estão sendo investigados e nenhuma relação com a vacina está comprovada até o momento.
O Ministério da Saúde da Alemanha disse que a decisão foi baseada em um conselho do órgão regulador de vacinas do país, o Instituto Paul Ehrlich, que pediu uma investigação mais aprofundada dos casos. Em uma declaração, o ministro disse que a EMA decidirá “se e como essas novas informações vão afetar a autorização da vacina.”
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que vai suspender o uso do imunizante de Oxford/AstraZeneca enquanto aguarda uma avaliação da EMA, prevista para terça-feira. A Espanha informou que suspenderá o uso por pelo menos duas semanas. “Tomamos essa decisão por cautela”, disse a ministra da Saúde, Carolina Dias, em entrevista coletiva. Ela disse que a decisão levou em consideração os “casos raros, que são muito poucos, mas muito significativo. Por isso aEspanha se juntou aos outros países que optaram por esta suspensão preventiva.”
Áustria, Dinamarca, Islândia, Noruega, Bulgária, Tailândia e República Democrática do Congo já tinham suspendido o uso da vacina. A vacina de Oxford é uma das principais apostas do governo federal do Brasil – junto da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan – para a campanha de imunização do Brasil. A Fiocruz será responsável por fabricar essa vacina no Brasil – a 1ª remessa deve ser ser entregue nesta quarta-feira, 17.
A aplicação da vacina de Oxford no Brasil, porém, já começou, com o uso de doses importadas da Índia. Até agora, já foram distribuídas em todos os Estados e municípios quatro milhões de unidades do imunizante que foram produzidas no Instituto Serum, no país asiático. Mais oito milhões de doses fabricadas no mesmo local ainda serão entregues no Brasil.
A vacina de Oxford e a da Pfizer são as únicas que têm registro definitivo de uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – ambas também contaram com a participação de voluntários brasileiros na sua fase três de testes. Já a Coronavac tem autorização para uso emergencial. Procurados, Ministério da Saúde, Fiocruz e Anvisa ainda não comentaram a suspensão de uso pelos países europeus.
Relembre
Possíveis casos de coágulos no sangue em pessoas que receberam doses da vacina de Oxford/AztraZeneca foram registrados em países da Europa. A informação foi divulgada na semana passada. O comitê consultivo de especialistas da OMS e agências europeias estão analisando a situação. Ainda não há nenhuma relação comprovada entre a vacina e os casos registrados e a porta-voz da OMS ressaltou que não há razão para suspender o uso do imunizante.
A Dinamarca, onde um caso de coagulação sanguínea foi confirmado, suspendeu por 14 dias a aplicação da vacina de Oxford/AstraZeneca. A Áustria também barrou o uso de doses de um lote específico (número ABV5300) do imunizante para investigar um óbito por problemas de coagulação e um caso de embolia pulmonar. Não se sabe quantos problemas de saúde, ao todo, foram relatados.
No sábado, as autoridades sanitárias norueguesas informaram a hospitalização de três profissionais de saúde com trombocitopenia (número anormalmente baixo de plaquetas no sangue), sangramento e coágulos sanguíneos. Apresentados como relativamente jovens, todos foram vacinados com uma dose da vacina de Oxford/AstraZeneca.
Uma delas, uma mulher com menos de 50 anos e de “boa saúde”, morreu no domingo de hemorragia cerebral, disseram autoridades sanitárias. “Não podemos descartar ou confirmar que isso tem relação com a vacina”, disse Steinar Madsen, chefe da Agência Norueguesa de Medicamentos, em entrevista coletiva. Outra profissional de saúde na casa dos 30 anos morreu na sexta-feira na Noruega, dez dias depois de receber a mesma vacina. Fonte: ESTADÃO /COM INFORMAÇÕES DA REUTERS, AP e EFE