A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) confirmou mais uma morte por Dengue em Vitória da Conquista nesta terça-feira (26), e agora, o número de óbitos sobe para quatro. Em Conquista, de acordo com dados da Sesab, o município, com 11.627 casos de Dengue, figura hoje na primeira posição de registros de casos prováveis da doença, mais que o dobro do segundo lugar, ocupado pela capital baiana, Salvador, com 4.962 casos prováveis.
Em nota divulgada nesta terça-feira (27), a Sesab afirmou que vem emitindo recomendações urgentes para que a Prefeitura de Vitória da Conquista intensifique suas ações de combate à doença. O Estado recomendou que o município amplie o horário de funcionamento dos postos de saúde, inclusive aos finais de semana e feriados, para assegurar a assistência aos pacientes com suspeita de Dengue. Além disso, um ofício direcionado à Prefeitura sugere a imediata instalação de unidades de referência para acolhimento, notificação, coleta de amostras e referenciamento para unidade hospitalar, quando necessário. “Contudo, as medidas propostas ainda não foram plenamente adotadas pelo município, que lamentavelmente confirmou mais um óbito, totalizando quatro mortes devido à doença”, ressalta o Governo Jerônimo Rodrigues.
ATENÇÃO PRIMÁRIA DO MUNICÍPIO É INSUFICENTE, DIZ SESAB
“Com apenas 4 das 50 UBS atuando em horário limitado como unidades sentinelas ou de referência, uma configuração que não atende à demanda da população. Essa lacuna na assistência primária contribui diretamente para a sobrecarga da UPA estadual, particularmente agravada pela epidemia de Dengue”, critica
A Sesab diz ainda que a UPA estadual de Vitória da Conquista, designada para urgências e emergências, enfrenta uma superlotação com 61% dos atendimentos, sendo casos menos urgentes que deveriam ser gerenciados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) municipais. “Em números, isso representa mais de 8 mil pacientes de um total de 13.500 atendimentos mensais, uma situação que destaca a deficiência das estruturas de saúde municipais e compromete a capacidade de resposta a emergências mais sérias na UPA”, informa.
PREFEITURA REBATE NOTA DA SESAB – Leia a íntegra :
A Prefeitura de Vitória da Conquista realmente enfrenta um cenário desafiador na luta contra a dengue, da mesma forma que enfrentou contra a Covid-19. E a situação não é diferente no restante do País, que só no último final de semana registrou 220.658 novos casos prováveis de dengue. Ao todo, são 2.265.935 infecções, segundo dados da última segunda-feira (25), do Ministério da Saúde. 758 pessoas já morreram por causa da doença em 2024. Dessas, 26 são da Bahia, e quatro de Vitória da Conquista.
O município reconhece a gravidade da situação e vem há meses realizando um trabalho de prevenção e enfrentamento às arboviroses, que se agravaram no período das chuvas, por conta do aumento dos criadouros do mosquito Aedes aegypti. E mesmo com os sucessivos mutirões de limpeza realizados por toda a cidade e zona rural, entre outras inúmeras ações, não é tão simples debelar o principal vetor da dengue.
Entre as medidas adotadas pelo Governo Municipal para acolher os pacientes estão quatro unidades Sentinela, atendendo durante a semana até as 22h, com duas equipes médicas cada uma; quatro unidades funcionando todos os dias até as 22h, e aos sábados até as 13h, sendo duas dessas até as 22h; abertura de todas as unidades de saúde no período vespertino para atendimento exclusivo dos casos suspeitos de dengue; três portas de atendimento de emergência nos seguintes hospitais: Unimec – adulto; Santa Casa – adulto e pediátrico; e Esaú Matos – pediátrico.
Mais de 5 mil pacientes já foram atendidos nas unidades sentinela nas últimas cinco semanas de funcionamento no horário estendido. O total de pacientes somados às portas de emergência do município supera 12 mil pessoas.
O que é de se estranhar é a forma como o Governo do Estado tem transformado a situação em fato político, tentando atribuir culpa a quem não tem. Ao citar a UPA estadual, a Secretaria Estadual de Saúde omite, propositalmente, que a unidade não é exclusiva de Vitória da Conquista. A UPA e o Hospital Geral formam o Complexo Hospitalar de Vitória da Conquista (CHVC) e, juntos, atendem cerca de 80 municípios da região. Portanto, se há superlotação, não se pode atribuir somente à cidade onde o complexo está instalado, porque essas unidades não são exclusivas de Vitória da Conquista.
A desinformação por parte da Sesab chega a ser vergonhosa ao dizer que Vitória da Conquista tem “apenas 4 das 50 UBS atuando em horário limitado como unidades sentinelas ou de referência”. São oito unidades atendendo em horário estendido, e todas as demais unidades do município atuando no vespertino, exclusivamente, nos atendimentos de casos suspeitos de dengue. O Governo Municipal tem responsabilidade com a saúde da população e cuida dos seus munícipes.
Ao falar de investimentos, a exemplo dos veículos fumacê, é importante ressaltar que essa é uma política exclusiva do Governo do Estado, que não faz nada menos do que aquilo que lhe compete. Pior, não menciona que os carros foram solicitados no dia 5 de fevereiro para permanecer em Vitória da Conquista, o que não ocorreu. Ficaram por 15 dias. Para além, não abriu a tenda de hidratação conforme havia prometido em reunião.
Doou apenas 1,2 mil bolsas de soro fisiológico e o soro de reidratação oral. A Secretaria Municipal da Saúde havia solicitado ainda cinco mil Dipirona ampola, cinco mil Dipirona sol oral, 60 mil Paracetamol comprimidos e outros cinco mil em solução oral, mas todos foram descontados do financeiro ao que o Município tem direito a comprar. Não foi auxílio ou suporte em período de crise.
O Governo Estadual ainda faz uma ginástica narrativa quando coloca investimentos totais como se fossem apenas para Vitória da Conquista. Não houve aporte de R$ 19 milhões para combater a dengue no município. A Bahia conta com 417 municípios e o valor não condiz com a realidade objetiva dos fatos.
No que se refere à capacitação dos profissionais de saúde, a SMS solicitou em 5 de fevereiro, para que fosse realizada entre os dias 26/02 e 01/03. Contudo, a Sesab cancelou sob a justificativa de que não havia óbito registrado. Também não houve esforços para se obter a vacina para Vitória da Conquista.
Agora, veja a relação de algumas das ações e investimentos feitos pela Prefeitura no enfrentamento à dengue:
1 – Decreto de situação de emergência em Saúde Pública em razão do cenário epidemiológico das Doenças Infecciosas Virais (as arboviroses) – dengue, zika e Chikungunya – Decreto 23.098.
2 – Atualização e execução do Plano Municipal de Contingência para Enfrentamento da Dengue, Zika e Chikungunya 2024, divulgado no Diário Oficial.
3 – Atualização de manejo clínico das arboviroses com todos os médicos e enfermeiros que atuam nas unidades de saúde, que consiste no fluxo de atendimento, que vai desde o acolhimento na unidade de saúde ou até a unidade hospitalar.
4 – Solicitação de incremento de recursos de custeio ao Ministério da Saúde e Atenção Especializada
5 – Participação da reunião integrada de diversos agentes públicos com a presença do governador e secretária de saúde do Estado da Bahia (17/02/24)
6 – Intensificação do trabalho dos Agentes de Combate às Endemias da SMS, em parceria com os Agentes Comunitários de Saúde, com mutirões de combate à dengue na zona urbana e rural, atividades educativas com a população; ações de bloqueio com bombas costais nos pontos estratégicos e localidades com maior número de notificações de dengue; levantamento do índice de infestação no município (LIRAa).
7 – Realização de mutirões em parceria com a Sesep: Patagônia, Lagoa de José Luís, Ipanema, José Gonçalves, Inhobim, Urbis VI, povoado de São Mateus e Bruno Bacelar, nesta quarta-feira (27), para coleta de pneus, recolhimento de inservíveis, notificações de proprietários de terrenos baldios a adequarem às condições de limpeza dos locais, mutirão de limpeza nas escolas da rede municipal.
8 – Fortalecimento da Equipe Técnica de Vigilância Epidemiológica para o monitoramento diário dos casos notificados do SINAN.
9 – Fortalecimento da Vigilância Laboratorial municipal – Lacen e rede privada
Dia 26/02 – Implementação do modelo sentinela em quatro unidades de saúde, das 14h às 22h, para atendimento prioritário aos pacientes com suspeita de dengue (fichas verdes e azuis): Solange Hortélio (Urbis II), Morada dos Pássaros, João Melo Filho (Ibirapuera) e Nova Cidade. Medida foi tomada para garantir mais portas de acesso aos pacientes, além das unidades hospitalares.
Até dia 25/03 foram 5.932 pacientes atendidos nas unidades sentinelas.
10 – Foram providenciados leitos de retaguarda e um fluxo alinhado com a Hospital São Vicente, Unimec, Hospital Esaú Matos e o Samu 192 para encaminhamento dos pacientes com sintomas agravados.
11 – Desde 26/02, as unidades sentinelas encaminharam 77 pacientes para unidades hospitalares com apoio do Samu 192.
12 – 14/03 – Implementação de mais quatro unidades atendendo em horário estendido, em caráter permanente, para garantir mais acesso aos serviços de saúde à população. As unidades de saúde Régis Pacheco, Dr. Admário Santos, Panorama e Conveima também estão abertas para atendimento ao público das 17h às 22h, de segunda a sexta, e aos sábados de 8h às 22h.
13 – 25/03 – SMS determina que todas as unidades de saúde passarão a atender, no turno da tarde, exclusivamente, os pacientes com sintomas suspeitos de dengue (medida necessária diante do estrangulamento da rede de urgência da cidade).
14 – Ações de comunicação para alertar a comunidade: publicações dos boletins epidemiológicos, spots de rádio, carros de som, materiais gráficos (panfletos, faixas, cartazes), vídeos, materiais educativos divulgados nas redes sociais oficiais da PMVC com orientações sobre cuidados de combate ao mosquito, sintomas suspeitos da dengue, formas de acesso aos serviços de saúde e sinais de alerta para o agravamento da doença.
15 – Reunião com representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e de toda a rede de urgência do SUS – Hospital Unimec, Santa Casa e Complexo Hospitalar – para traçar algumas ações estratégicas para o atendimento dos pacientes com suspeita de dengue.