Ainda não há elementos para determinar se o caso revelado pelas autoridades espanholas e admitido pelo governo brasileiro é um fato isolado, mas, há 20 anos, um caso parecido revelou a atuação de uma quadrilha com um modus operandi semelhante.
O caso aconteceu em abril de 1999. A Operação Mar Aberto, da Polícia Federal, desmantelou um esquema de transporte de drogas para a Europa utilizando aviões da FAB. Na ocasião, a PF apreendeu 33 quilos de cocaína dentro de um avião Hércules C-130 na Base Aérea do Recife. O avião estava pronto para viajar para a cidade francesa da Clermont Ferrand, com uma escala nas Ilhas Canárias, território espanhol no Oceano Atlântico.
Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu que o esquema utilizava oficiais da Aeronáutica para descobrir as datas em que os aviões da FAB partiriam para a Europa e monitorar o embarque da droga, que era escondida em malas.
A investigação chegou a fazer interceptações telefônicas para investigar o grupo.
Na justiça comum, os três militares presos pela Polícia Federal foram condenados por tráfico de drogas a penas que chegaram a 16 anos de prisão.
Na Justiça Militar, os três oficiais, entre eles um coronel e um major (dois dos postos mais altos na hierarquia das Forças Armadas) foram expulsos da Aeronáutica e perderam tanto seus postos quanto as suas patentes. Com isso, eles passam a não ter mais direito a salários ou à aposentadoria militar.
O episódio se arrastou na Justiça por quase duas décadas. A sentença do major preso, condenado em primeira instância em 2000, só transitou em julgado (quando não há mais possibilidade de recurso) em 2018.
Fonte: UOL