Paulo Henrique Amorim (Record) e Marco Antônio Villa (Jovem Pan) foram afastados das respectivas empresas de comunicação por conta de seus comentários e posicionamentos políticos. Na semana passada, Luciano Hang, o milionário dono da Havan e patrocinador do ‘Domingo Legal’ do SBT, pediu em sua rede social que Silvio Santos demitisse a apresentadora Rachel Sheherazade por ela ser de ‘ideologia comunista’.
Paulo Henrique Amorim – Provavelmente o jornalista mais odiado da TV brasileira, Paulo Henrique Amorim vai sumir por uns tempos depois de 14 anos ininterruptos no Domingo Espetacular. A Record convocou o apresentador para uma reunião na tarde desta segunda-feira (24) e lhe comunicou que ele está fora do programa. Amorim, que tem contrato até 2021, não será demitido.
O apresentador deixa o Domingo Espetacular após uma história de resistência. Esquerdista barulhento no blog Conversa Afiada, ele teve a cabeça pedida à Record inúmeras vezes desde 2014, quando a polarização entre esquerda e direita ficou mais acirrada. A emissora resistiu, afinal uma pesquisa apontou que o rosto do profissional era fundamental para a credibilidade da revista eletrônica.
Marco Antônio Villa – Historiador e fervoroso crítico de Lula e do PT, o comentarista político Marco Antonio Villa anunciou a sua saída da rádio Jovem Pan, depois de ser suspenso por 30 dias pela própria direção da emissora, em maio. Houve acordo para a rescisão do contrato estabelecido pelas duas partes. “Eu decidi que não queria mais voltar para a Pan. Não tinha mais nem condições de voltar a trabalhar lá. Senti que não havia mais clima depois de me darem uma quase punição”, disse ele ao UOL, por telefone. Villa estava faz hoje diversas críticas ao governo Bolsonaro.
Rachel Sheherazade – Após ser proibida publicamente por Silvio Santos de fazer comentários políticos no SBT, a jornalista tem usado suas redes sociais para tecer críticas ao governo Bolsonaro e até ao juiz Sérgio Moro. Na semana passada, o empresárioLuciano Hang (Havan). usou matéria publicada pelo colunista do UOL Ricardo Feltrin, que citava a “redução de equipes e o desmonte no jornalismo do SBT”, para saudar Silvio Santos e sugerir a demissão de Sheherazade.
“O jornalismo da grande mídia esta todo contaminado com ideologias comunistas que destroem o nosso Brasil. Parabéns Silvio Santos. Somos fruto do que plantamos no passado. O povo quer mudanças. Ainda falta mais gente para você demetir (sic). Raquel (sic) é uma delas”, escreveu Hang, dono das lojas Havan, patrocinadora de atrações como Domingo Legal.
Imediatamente, a jornalista reagiu à publicação. “Já está registrado! Empresário chantageia a emissora onde trabalho e ainda vem à público pedir minha cabeça de jornalista. Mas, agora, vai ter processo. Espere a notificação dos meus advogados.”
Sheherazade recebeu apoio público de jornalistas de outras emissoras, como Fabio Pannunzio (Band) e Mônica Waldvogel (GloboNews).
PT também fez ‘lista negra’ de jornalistas
Em artigo publicado no site do PT em 16 de Junho de 2014, Alberto Cantalice, vice-presidente do partido e coordenador de redes sociais da legenda, fez duras críticas aos chamados por ele de “pit bulls da mídia”.
Na “lista negra”, o político citou jornalistas como Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli, entre outros, além de humoristas, como Danilo Gentili e Marcelo Madureira, classificando-os como agentes que fomentam o ódio e que “estimulam setores reacionários e exclusivistas da sociedade brasileira a maldizer os pobres”.
No texto “A desmoralização dos pitbulls da mídia”, Cantalice justificava o boicote por afirmar que tais profissionais da mídia eram contra as cotas sociais e raciais; as reservas de vagas para negros nos serviços públicos, e que defendiam o fracasso da Copa do Mundo no Brasil.

Também no Facebook, Gentili respondeu às críticas, dizendo que a caça às bruxas começou. Por meio da sátira, sua marca registrada, o apresentador do “The Noite”, exibido pelo SBT, chamou a atenção de seus leitores. “O PT colocou em seu site que quer a minha cabeça – e também a de outros jornalistas e artistas que cometeram o terrível crime de discordar deles. Portanto, se você tem um cérebro e é alfabetizado, cuidado, você pode ser o próximo”.

Questionado sobre os possíveis excessos do artigo de Cantalice, que poderia, inclusive, incitar agressões aos profissionais citados, o secretário geral do PT, deputado federal Geraldo Magela, tentou minimizar a situação em entrevista à IMPRENSA. “Não é de agora que os dirigentes têm escrito sobre isso [a imprensa], mas ninguém tinha nominado os jornalistas. Aliás, alguns na lista nem são jornalistas”.