As comparações com a Bahia após a intervenção militar na segurança pública no Rio de Janeiro são descartadas pelo secretário de Segurança Pública do Estado (SSP-BA), Maurício Barbosa.
“Fazer crítica à segurança pública todo mundo sabe. Agora cada um assumir o seu papel, aí que é muito difícil, e eu volto isso inclusive à sociedade. Venha cá, nós queremos o quê? Uma sociedade sem droga? Ótimo. E o papel do consumidor nesse aspecto? ‘O problema é do tráfico, não é de quem consome’. Eu não quero entrar nessa polêmica. Eu só acho que a gente, a sociedade brasileira, tem que discutir isso aí”, defendeu, comparando a situação do Brasil com a de países europeus. “Os Estados Unidos investem mais de R$ 1 trilhão na guerra contra as drogas e é o maior mercado consumidor de drogas no mundo. E se vê países europeus que adotaram outra visão de redução de danos. Ou seja: o Estado fornece a droga para o viciado, o dependente químico, a partir do momento em que ele se integre ao planejamento de sair do vício. Ele sai da figura do traficante: o próprio Estado dá a droga, diante de uma série de questões que a pessoa tem que fazer para se libertar do vício. Os índices de criminalidade nesses países reduziram drasticamente”.
Barbosa cita ainda os efeitos no financiamento do tráfico de drogas, caso o modelo fosse adotado. “Aqui se discute enfrentamento à criminalidade, sem se discutir as causas que levam ao fortalecimento do tráfico de drogas. Exemplo: se discutíssemos, e a população brasileira quisesse a liberação da maconha… Hoje 80% do financiamento das quadrilhas de tráfico de drogas da Bahia vem da maconha”, calcula.
“Se aceitássemos, através de uma opinião da sociedade, as modificações das leis, que a maconha fosse liberada hoje, eu quebrava financeiramente hoje as quadrilhas em 80%. Não é uma coisa a ser pensada, é óbvio que é. Só que ninguém quer, o país é extremamente conservador para se discutir essas questões, mas ao mesmo tempo não quer meter a mão para resolver o problema. Essa discussão vai além da polícia. A polícia sofre as consequências da ponta. Tudo que a sociedade não quer discutir, quer marginalizar, é problema da polícia. É a nossa visão isso, tem que andar de forma conjunta”. (Bahia Notícias)