Pinturas rupestres apontam que pessoas residiram na região de Vitória da Conquista há milhares de anos.
Um sítio arqueológico de uma área no distrito de Prados, na região de Vitória da Conquista (BA), com pinturas ruspestres, recebeu nesta terça-feira (28), a visita da arqueóloga Ana Paula Gonçalves, perita de arqueologia do Ministério Público Federal (MPF). O objetivo da missão foi fazer o reconhecimento do parque. A avaliação da arqueóloga do MPF comporá o projeto de tombamento a ser realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A inscrições rupestres apontam indícios de que pessoas residiram ali há milhares de anos.
A visita é o primeiro passo para a inserção da área no Cadastro Nacional dos Sítios Arqueológicos do Iphan. A arqueóloga e perita Ana Paula verificou que as pinturas na parede de pedra possivelmente foram feitas com material vegetal e animal (como gordura, sangue, terra e óxido de cobre) e retratam animais e o cotidiano de seres humanos. Parte do acervo, no entanto, encontra-se degradado principalmente pela ação de visitantes. “É importante que desde já haja um trabalho de isolamento e preservação de toda a área, não apenas onde as representações se encontram porque pode haver vestígios em toda parte”, disse Ana Paula.
Ainda segundo a arqueóloga, os sítios arqueológicos são patrimônio cultural brasileiro que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, devem ser resguardados como patrimônio da União. Ela ressalta que a princípio, as pessoas não devem frequentar o lugar, muito menos retirar qualquer fragmento que lá se encontre.”Podemos verificar que as pinturas possuem um determinado padrão semelhante a de outros sítios, mas, sem os devidos estudos, não é possível ainda afirmar do que tratam”, destacou a perita.
A secretária municipal Ana Cláudia Passos, com técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama) da Guarda Municipal, acompanhou a visita e destacou que a vistoria feita pelo MPF a uma área que pode representar um bem arqueológico já pode ser vista como medida de preservação. “A Prefeitura, através do trabalho da Semma, está atenta a todo o patrimônio do município. Continuaremos fazendo nosso trabalho de fiscalização e intensificando, sobretudo, a atenção a esta área”, confirmou a secretária que, afirmou o apoio do Governo Municipal ao reconhecimento do sítio arqueológico.
Sobre os sítios arqueológicos
O estado da Bahia possui 2576 sítios registrados no Iphan. O patrimônio arqueológico é bem cultural acautelado em âmbito federal, faz parte do patrimônio cultural material e engloba os vestígios e os lugares relacionados a grupos humanos pretéritos responsáveis pela formação identitária da sociedade brasileira, representado por sítios arqueológicos, peças avulsas, coleções e acervos que pode ser classificado em bens móveis e imóveis.
A preservação é um direito e um dever de todos os cidadãos e é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger os sítios arqueológicos (Art. 23 da Constituição). Nesse sentido, são proibidos o aproveitamento econômico, a destruição ou a mutilação dos sítios arqueológicos, antes de serem pesquisados por arqueólogas e arqueólogos (Lei 13.653/2018), com a devida autorização do Iphan.