Duas pessoas baleadas no tiroteio durante uma tentativa de ataque a bancos em Milagres, no interior do Ceará, morreram no início da noite desta sexta-feira (7). Com os óbitos, sobe para 14 o número de mortes no tiroteio. Das 14 vítimas, seis foram identificadas como reféns, incluindo 2 crianças, outras seis são criminosos; a polícia não tem informações sobre outras duas pessoas mortas.
Três suspeitos foram presos. A polícia vai ouvir o depoimento dos detidos para tentar identificar o restante da quadrilha, de acordo com a Polícia Militar de Milagres.
Doze pacientes morreram no local do tiroteio, na Rua Presidente Vargas, no Centro de Milagres. Duas pessoas baleadas estavam em hospitais das cidades de Barro e Brejo Santo. O Instituto Médico Legal de Juazeiro do Norte confirmou a morte dos dois às 18h40. A identidade dos dois não foi revelada e não se sabe se eles eram criminosos ou reféns.
Mais cedo, a Polícia Militar confirmou que seis de 12 vítimas que morreram no local eram membros de duas famílias mantidas reféns pelo bando. Os policiais investigavam o bando e foram alertados de que eles pretendiam atacar as agências bancárias de Milagres.
Madrugada de terror
A tentativa de roubo aconteceu por volta de 2h17 da madrugada. Houve confronto entre os policiais e os criminosos. Diversos carros da PM foram usados para conter a quadrilha. Devido à ação da Polícia Militar, o grupo criminoso não conseguiu levar o dinheiro de nenhum dos estabelecimentos bancários. As duas agências ficam na Rua Presidente Vargas, no Centro do município, que tem 28 mil habitantes.
Por volta de 21h30, uma família sai de Serra Talhada, em Pernambuco, para pegar familiares que viajavam de São Paulo para Juazeiro do Norte, no Ceará. João Batista foi junto com o filho, Vinícius, para receber a cunhada, Cleoneide; o marido dela, Cícero Bertolone; e o filho do casal, Gustavo
Uma segunda família, de Brejo Santo, no Ceará, também segue a aeroporto de Juazeiro do Norte para receber familiar
As duas famílias saem juntas, em dois veículos, de Juazeiro do Norte de volta as suas respectivas cidades, uma para Serra Talhada e outra para Brejo Santo
Na BR-116, na altura da ponte sobre o riacho Tamandu, que dá acesso à cidade de Milagres, e trecho em comum de ambas as famílias, criminosos usam um caminhão bloqueando a estrada e faz as duas famílias reféns
Oito pessoas, das duas famílias, são levadas como reféns até o centro de Milagres, onde ficam as agências do Banco do Brasil e Bradesco
Durante o crime, o pai de um homem identificado como Genário, de Brejo Santo, passa mal, e o filho pede para que ele cuide do pai; ambos são liberados pelos criminosos. A irmã de Genário, Francisca Edenice, continua como refém dos criminosos
Os cinco membros da família de Serra Talhada continuam como reféns
Policiais militares chegam ao local do crime e trocam tiros com os criminosos. Catorze pessoas morrem, sendo pelo menos seis reféns e pelo menos seis criminosos. Destas seis, cinco são os membros da família de Serra Talhada (PE) e um da família de Brejo Santo.
‘Tragédias acontecem‘
O Ministro da Segurança, Raul Jungmann, classificou o confronto entre policiais e assaltantes com 12 mortes como uma “tragédia” e disse que casos como esses “acontecem”. “Tragédias como essas acontecem. À medida que a gente possa antecipar e evitar, sem sombra de dúvidas, a sociedade agradece e a gente poupa vidas, que é o bem mais importante que a gente tem que proteger”, afirmou.
O governador do Ceará, Camilo Santana, afirmou que os policiais estavam cientes de que o bando preparava o ataque e conseguiu evitar o crime: “O fato é que estavam preparados para assaltar dois bancos e não conseguiram assaltar nenhum”.
Camilo Santana também foi questionado se os tiros que mataram as famílias foram disparados pelos policiais ou pelos criminosos. “Eu não tenho essa informação. É estranho um refém de madrugada no banco. Vamos aguardar essa investigação”, afirmou.
‘Confio nos policiais‘
titular da secretário André Costa afirmou que “confia no trabalho da polícia”. “É muito difícil você, de longe, fazer um julgamento sobre a ação dos policias lá no meio do tiroteio. Policiais, outras pessoas e cidadãos podem ser alvos dos disparos. Neste momento é muito difícil a gente tá julgando a atuação dos polciais”, pontuou.
André Costa acrescentou que um dos suspeitos presos afirmou que a quadrilha atirou nos reféns. “Um dos criminosos presos acabou dizendo que matou pessoas que estavam no local e não eram da quadrilha. Mas toda informação é insuficiente. Vai acontecer o trabalho da perícia e a investigação. Confio muito no trabalho da nossa polícia”, disse André Costa
G1