VÍDEO: Mãe de dentista conquistense vítima de feminicídio pede a Jerônimo demissão de PM acusado

Keila Souto, mãe da dentista conquistense Ana Luiza Dompsin, vítima de feminicídio aos 25 anos na cidade mineira de Divisa Alegre, abordou o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues (PT) neste sábado (11), para pedir que o mesmo assine a expulsão do policial Militar Amauri dos Santos Araújo, ex-namorado da vítima e acusado de praticar o crime quando era lotado na 80ª CIPM de Cândido Sales. Jerônimo estava prestigiando a 3ª Exposição Agropecuária e Comercial de Belo Campo.
“Governador, eu sou mãe de Ana Luiza, dentista que foi assassinada por um oficial da Polícia Militar da Bahia. Já foi concluído o PAD (processo admnistrativo disciplinar), já está tudo certo, só falta o senhor assinar para demití-lo”. pediu Keila. Neste momento Jerônimo a interrompeu e disse, “deixa eu te dizer uma coisa, não fica nenhum papel na minha mesa, eu vou saber onde é que está. Não fica papel pra eu assinar, tudo que chega lá eu assino, eu vou cuidar disso”, frisou o governador.
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Keila entregou um envolope com fotos da filha assassinada e não se conteve, começou a chorar. “Ela tinha 25 anos e ele assassinou ela, e já foi tudo concluído, só falta só o senhor assinar, faz essa Justiça, honra a alma da minha filha”. Jerônimo a abraçou e mais uma vez prometeu assinar a exoneração do PM.
No dia 25/01/2023, saiu a decisão da PMBA julgando o Tenente incompatível com a profissão e os laudos foram enviados ao Exmo. Governador para que fossem adotadas as devidas medidas com relação ao oficial considerado culpado. “Por isso fui até o governador para que haja celeridade no processo de demissão do oficial da PMBA Tenente Amaurí dos Santos Araújo, para que a justiça seja feita”, disse Keila Souto à nossa reportagem.
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RELEMBRE O CASO
Natural de Vitória da Conquista, a dentista Ana Luiza foi encontrada morta com um tiro na nuca na madrugada do dia 23 de março de 2021, após uma vizinha chamar a polícia, depois de ouvir um disparo de arma de fogo. O tenente da Polícia Militar Amauri dos Santos Araújo foi preso no dia 15 de abril, na cidade de Cândido Sales, no sudoeste da Bahia, onde fica a 80ª CIPM, onde ele é lotado. O policial de 33 anos foi acusado de matar a namorada Ana Luiza Souto Dompsin, dentista de 25 anos. O crime ocorreu na madrugada do dia 23 de março, na cidade de Divisa Alegre, em Minas Gerais, na divisa com a Bahia.
A prisão foi feita por policiais civis da cidade mineira de Pedra Azul, que investigava o caso. A Polícia Militar da Bahia informou que cooperou com a investigação e que o tenente foi encaminhado para custódia no Batalhão de Choque da Polícia Militar, em Salvador, onde está à disposição da Justiça.
O tenente Amauri estava na casa no momento em que os policiais militares de Divisa Alegre chegaram. De acordo com a versão dos PMs, o tenente tentava reanimar Ana Luiza. Na ocasião, ele informou que a namorada tinha pegado sua arma e disparado na própria nuca. Diante das informações, a Polícia Civil de Minas Gerais passou a trabalhar com duas linhas de investigação para elucidar o crime: suicídio, versão apontada pelo tenente, ou feminicídio, hipótese defendida pela família da dentista.
Logo após o crime, a família de Ana Luiza passou a contestar a versão do tenente. Em conversa com o CORREIO, no dia 25 de março, a mãe da dentista, Keila Souto informou que pessoas da cidade teriam presenciado uma discussão da dentista com o policial militar baiano, momentos antes da morte de Ana Luiza. Durante a discussão, que começou em um posto de combustível e terminou dentro de um imóvel, os vizinhos escutaram a dentista pedindo para o tenente Amauri ir embora.
“O pessoal da cidade falou, que a briga começou no posto de gasolina da cidade. A vizinha contou que o carro chegou à 00h40, e eles entraram. Houve muito barulho e discussão, que ouvi ela dizer para ele ir embora. Lá por volta das 2h, todos os vizinhos ouviram um barulho forte. Uma vizinha ligou para o marido, que é policial e chegou logo. Foi quando ele (Amauri) saiu de dentro da casa se identificando também como policial e que alguém havia se matado”, contou Keila ao CORREIO, dois dias após a morte da filha.
Segundo a família da dentista, o casal, que se conheceu em julho de 2019, já havia se separado duas vezes – todas após Ana sofrer agressão do PM – e reatado 15 dias antes da morte de Ana Luiza. Em uma discussão no ano passado, o tenente chegou a apontar uma arma para a dentista. “Voltaram há 15 dias, mas das outras duas vezes a relação terminou porque ele batia nela. Desta vez terminou porque ele a matou”, declarou a mãe de Ana em 25 de março.
Apesar das agressões, Ana nunca procurou a polícia. “Ela não foi a nenhuma delegacia. Ela nuca disse para a nós. Quem me contou das agressões foi uma amiga dela. Ela terminava e não queria mais vê-lo, mas não contava o motivo para a gente. Justamente não queria falar das agressões”, disse a mãe.