Embora o fim da pandemia tenha sido decretado em maio do ano passado, muito se fala sobre os impactos sociais, econômicos e psicológicos causados na vida das pessoas. Por isso, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVSA) encomendou a continuidade da pesquisa Epicovid 2.0, responsável por avaliar o cenário pós-pandemia em 133 municípios do Brasil. Destes, 10 são baianos: Barreiras, Feira de Santana, Guanambi, Itabuna, Irecê, Juazeiro, Paulo Afonso, Salvador, Santo Antônio de Jesus e Vitória da Conquista.
A pesquisa começou na última segunda-feira (11) em todo o país. As cidades que fazem parte do monitoramento são as mais populosas de cada uma das 133 regiões intermediárias do Brasil, conforme classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Serão coletadas informações de 250 cidadãos de cada um dos municípios que já fizeram parte da etapa anterior do trabalho científico, ou seja, 2.500 baianos participarão da coleta. As equipes entrevistadoras farão visitas para ouvir moradores sobre questões que envolvem sintomas de longa duração, efeitos da doença na rotina diária, histórico de vacinação contra a Covid, entres outros.
De acordo com o infectologista Adriano Oliveira, os sintomas pós-Covid são muito variados, podem ser incapacitantes e ainda muito pouco conhecidos no seu funcionamento. “Não temos ainda uma proposta terapêutica para essa situação. O acúmulo de informações sobre essa condição é essencial para ajudarmos as pessoas que nela se encontram”, pontua.
Os sintomas prolongados da doença infecciosa é uma das preocupações de pacientes que já foram diagnosticados com a doença. A fiscal de transporte público Joseane Dantas, 41 anos, teve Covid-19 há dois anos e afirma que as dores de cabeça que sente atualmente são mais fortes do que no período pré-infecção. “Sinto ainda muita dor de cabeça, isso foi sequela da Covid. A dor é muito forte, até hoje”, relata.
Investigar esses sintomas prolongados é um dos principais objetivos da pesquisa, de acordo com o idealizador e líder da Epicovid, o epidemiologista da UFPel Pedro Hallal. “Queremos investigar esses sintomas de longa duração, que chamamos hoje de Covid longa. Os resultados vão servir para serem repassados para a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, de cada um dos municípios e para o Ministério da Saúde, para que sejam elaboradas políticas públicas que beneficiem a população”, explica.
A primeira etapa da Ecovid foi realizada nos anos de 2020 e 2021. A pesquisa deu destaque para os seguintes pontos:
A quantidade de pessoas infectadas era três vezes maior do que os dados oficiais;
O risco de infecção era o dobro nos 20% mais pobres do que nos 20% mais ricos;
Os indígenas tinham risco quatro vezes maior de infecção do que as pessoas brancas;
O sintoma mais comum de Covid-19, no começo da pandemia, era perda de olfato ou paladar. O Epicovid foi um dos primeiros estudos do mundo a apontar este como um dos sintomas iniciais da doença;
Crianças tinham o mesmo risco dos adultos de infectar-se, embora a gravidade da doença fosse menor entre elas.
Fonte: Correio*