Um plano com contornos “macabros” envolvendo os cães que costumam circular no estacionamento do Hiper Bom Preço de Vitória da Conquista (BA) chocou os conquistenses, em especial, os defensores da causa animal. No último dia 15, o músico Plácido Mendes, da banda Distintivo Blues, disse ter presenciado a captura de cães pela empresa Orkin do Brasil, especializada em controle de pragas.
Segundo o músico, “haviam dois cachorros amarelos, de porte médio-grande deitados na areia do canteiro do estacionamento, e dois sujeitos uniformizados ao lado, com uma pick-up parada com a tampa aberta e uma grande caixa de transporte de animais (…) um dos cães levantou e, cambaleando, caiu novamente ao chão. Estava DOPADO. O outro estava nas mesmas condições”, testemunhou Plácido (leia relato completo no final da matéria).
A assessoria de imprensa confirmou ter mesmo contratado a empresa Orkin para “capturar e transportar os cachorros para entidades de proteção animal” porém, segundo a nota enviada ao Blog do Caique Santos, a empresa “não teve uma atitude idônea ao não seguir os procedimentos e políticas estabelecidas em contrato”.
Ainda de acordo com a nota do Hiper “o contrato foi prontamente cancelado” e “todas as providências cabíveis estão sendo tomadas com relação ao tema”. A empresa rebate a acusação de que os cães tenham sido capturados. O Hiper diz que “já está em contato com as ONGs citadas anteriormente para esclarecimento da situação” e que “está à disposição para colaborar com os grupos de prevenção e órgãos competentes da cidade em ações ligadas à Proteção Animal em Vitória da Conquista”.
O Hipermercado diz que os cachorros tem atacado os clientes no estacionamento e que, apesar de ter protocolado denúncia da situação junto à Prefeitura de Conquista, a mesma informou que não tem responsabilidade pela apreensão de animais de rua.
Em nota, a Secretaria de Comunicação do governo Herzem Gusmão disse que “a questão ocorrida em um hipermercado em Vitória da Conquista é fato que se dá em estabelecimento privado” e que a Prefeitura “não tem autoridade para atuar nesses locais”. Ressaltou ainda que “qualquer caso de maus-tratos a animais deve ser notificado à polícia”.
Diz ainda que mantém parceira da AMA, Associação Amiga dos Animais, uma ONG que abriga cães e gatos, e os entrega para adoção, mas que no momento, a AMA está lotada.
Confira os prints de um diálog pelo Whatsapp entre a integrante de uma ONG de defesa dos animais de Conquista e um funcionário da empresa Brasprag Orkin:
O vereador Pastor Sidney, que tem a causa animal como bandeira, gravou um vídeo cobrando maiores esclarecimentos do Hiper Bom Preço. O vereador disse que está em São Paulo e vai solicitar o apoio de parlamentares aliados para denunciar o caso ao Ministério Público.
Veja o vídeo:
As ONGS que poderiam receber tais animais, estão com dificuldades financeiras, sobrevivendo de doações e não recebem nenhuma ajuda financeira ou de qualquer tipo por parte do governo municipal e empresas de Vitória da Conquista.
A população de animais de rua em Vitória da Conquista continua a crescer de forma descontrolada e o problema parece ser “empurrado” de um lado para o outro sem que ninguém assuma a responsabilidade.
No próximo sábado (19) ativistas e simpatizantes da causa animal marcaram um protesto na porta do Hiper, a partir das 19h.
NOTA DO HIPER BOM PREÇO
O Hiper Bompreço esclarece que o fornecedor contratado para capturar e transportar os cachorros para entidades de proteção animal não teve uma atitude idônea ao não seguir os procedimentos e políticas estabelecidas em contrato. Desta forma, a companhia ressalta que o contrato foi prontamente cancelado e que todas as providências cabíveis estão sendo tomadas com relação ao tema. A empresa esclarece, ainda, que nenhum cachorro foi capturado e que já está em contato com as ONGs citadas anteriormente para esclarecimento da situação. A companhia está à disposição para colaborar com os grupos de prevenção e órgãos competentes da cidade em ações ligadas à Proteção Animal em Vitória da Conquista.
NOTA DA PREFEITURA DE CONQUISTA
Prefeitura não é responsável pela apreensão de animais de rua
A apreensão de animais nas ruas da cidade é definida pelo o Artigo 232, da Portaria de Consolidação 05/2017 do Ministério da Saúde, que prevê “ações e serviços públicos de saúde voltados para a vigilância, a prevenção e o controle de zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública”.
Além disso, o Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses, publicado pelo Ministério da Saúde, prevê que o setor de Controle de Zoonoses “só deve apreender ou capturar animais que, de fato, ofereçam risco iminente de transmissão de zoonose de relevância para a saúde pública, de importância no contexto epidemiológico do território de atuação”. Ou seja, animais infectados por doenças transmissíveis, como a leishmaniose e a raiva. A Secretaria Municipal de Saúde informa que, de acordo com dados da Vigilância em Saúde, não há nenhum caso de raiva canina ou felina notificado nos últimos anos em Vitória da Conquista.
A Prefeitura de Vitória da Conquista criou o Serviço de Controle de Zoonoses que mantém convênio com clínica veterinária. Já foram castrados 560 animais como forma de controle do aumento do número de animais nas ruas da cidade. É, ainda, parceira da AMA, Associação Amiga dos Animais, uma ONG que abriga cães e gatos, e os entrega para adoção. No momento, a AMA está lotada.
A implantação do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) é uma das prioridades desta Administração, mas irá obedecer as diretrizes nacionais no cuidados com os animais. O município já possui um terreno destinado para a construção do Centro, dentro das especificações técnicas requeridas, além da planta baixa da construção.
A questão ocorrida em um hipermercado em Vitória da Conquista é fato que se dá em estabelecimento privado, e a Prefeitura informa que não tem autoridade para atuar nesses locais.
Vale ressaltar que qualquer caso de maus-tratos a animais deve ser notificado à polícia.
RELATO DO MÚSICO PLÁCIDO MENDES
Hoje é 15/10/2019, às 15:37h. Me chamo Plácido Mendes e sou cantor. Agora há pouco eu estava com minha namorada carregando uma caixa grande e pesada e, para cortar caminho, passamos por dentro do estacionamento do HIPER BOM PREÇO VITÓRIA DA CONQUISTA, situado à Av. Rosa Cruz, em frente ao Centro de Cultura. Devido ao peso, paramos um pouco pra descansar, logo abaixo da ladeirinha para as pessoas entrarem na loja, em frente ao estacionamento da parte baixa do terreno (em frente ao posto).
Foi quando percebemos que haviam dois cachorros amarelos, de porte médio-grande deitados na areia do canteiro do estacionamento, e dois sujeitos uniformizados ao lado, com uma pick-up parada com a tampa aberta e uma grande caixa de transporte de animais. O que chamou a atenção primeiramente foi o fato de que, ao perceberem que paramos e viramos na direção deles (apenas para descansar, como disse. Ainda não tinha nem percebido nada demais, já que sempre vejo cães dormindo naquele canteiro), eles deixaram transparecer que nossa presença incomodava. Eles passaram a fingir que nada acontecia, como se esperassem que saíssemos. Foi quando um dos cães levantou e, cambaleando, caiu novamente ao chão. Estava DOPADO. O outro estava nas mesmas condições.
Nessa hora, me lembrei que vi, de relance, alguém no Instagram, alguns dias atrás, falando sobre alguma empresa que estava capturando cães e levando para Salvador, e que era muito suspeito. Pois bem: decidi ir até os dois sujeitos e perguntei: “para onde vão levar os cachorros?”. Um dos dois, já visivelmente irritado, disse que não iria fazer mal, que era pra uma ONG, e que a empresa não sujaria seu nome fazendo algo errado. Chamou mais atenção ainda, pois eu não perguntei em tom irônico ou algo do tipo. Apenas fiz uma pergunta tranquilamente e sem pedir muitos detalhes. Mas o jeito dele falar me pareceu MUITO suspeito.
Ele disse que o Hiper Bom Preço havia contratado a empresa para levar os cães a uma ONG em Salvador, pois eles estavam atacando os clientes. Perguntei qual era o nome da ONG. Ele me disse não estar autorizado a dizer. Perguntei o que ela faria com os animais. Ele, ainda mais irritado, disse que é uma ONG credenciada, legalizada e que a empresa não sujaria o próprio nome, disse novamente. Observei as marcas em seu uniforme: ORKIN e BRASPRAG. Pesquisando, descobri ser uma empresa de combate a pragas que, na Bahia, atua apenas na capital (https://www.orkindobrasil.com.br/). Infelizmente, eu havia esquecido meu celular em casa, e não pude fotografar ou gravar nada.
Na volta, decidi procurar o gerente do Hiper e perguntar sobre o assunto, pra ver se as respostas batiam. Fui recebido pelo Lucas, possivelmente um dos gerentes ou coordenadores. Ele me disse que a funcionária que sabia o nome da ONG não estava no momento, mas disse que os cães estavam atacando os clientes, e que eles procuraram o poder público e TODOS OS ABRIGOS DE ANIMAIS da cidade, e ninguém deu alguma resposta favorável, então contrataram uma empresa de controle de pragas, que levariam os animais a uma ONG em Salvador. Suas palavras foram mais ou menos assim: “a prefeitura disse não poder fazer nada, e que nós não poderíamos fazer nada aos cachorros, então contratamos uma empresa para isso”. Mais uma vez, quando perguntei o que essa tal ONG faria com os animais, a resposta foi parecida: “essa ONG é credenciada, legalizada”, sem responder o que perguntei. Saí de lá ainda sem saber o nome dessa ONG.
Devo enfatizar aqui que NÃO POSSO, COM AS INFORMAÇÕES QUE TENHO, AFIRMAR NADA. ISTO APENAS ME PARECE MUITO SUSPEITO, já que é de conhecimento de todos que qualquer ONG ou grupo de resgate de animais está SEMPRE lotado e carente de recursos, e que dificilmente alguma ONG no Brasil receberia animais indiscriminadamente dessa forma, dada a dificuldade natural que todas enfrentam. Essas pessoas estão capturando animais que podem ser de rua ou não (se você mora nas imediações, tome cuidado com seu cachorro) e levando silenciosamente a um lugar que não me foi revelado na primeira tentativa, o que, junto à atitude dos supostos funcionários da Orkim/Brasprag deixa AQUELA pulga atrás da orelha.
Tendo o histórico de atitudes de donos de mercado com relação aos animais que rodeiam (basta dar uma olhada nas notícias de alguns meses atrás, em outras partes do país) temos aqui no mínimo uma situação que deve ser esclarecida. Peço que repasse este texto e busque informações, vá ao Hiper Bom Preço e faça perguntas aos gerentes, até conseguirmos informações satisfatórias. Meu e-mail é [email protected] e gostaria de contar com mais gente para desvendar essa questão, já torcendo para que, ao menos exista essa tal ONG e que ela não esteja sacrificando ou maltratando os animais.
Este texto será enviado por mim a diversas pessoas, incluindo a Imprensa. É direito do cliente e cidadão saber o que o Hiper Bom Preço está fazendo com os animais.