Vídeos que passaram a circular nas redes sociais desde a noite desta terça-feira (15), mostram o Deputado Soldado Prisco (PSC) sendo socorrido após um suposto atentado a tiros ocorrido no bairro Liberdade em Salvador. Desde a semana passada, o parlamentar e Presidente da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares e seus Familiares (Aspra), lidera um grupo de policiais que tentou mobilizar a corporação para adesão de uma greve geral, mas não logrou sucesso.
A Polícia Civil apura o caso. Segundo uma fonte da Civil, ninguém foi ficou ferido com arma de fogo, mas com estilhaço de vidro. Os autores do suposto atentado ainda são desconhecidos.
Na manhã desta quarta-feira (16), todas as sedes da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares e seus Familiares (Aspra) em Salvador e no interior do estado foram interditadas por determinação da Justiça baiana e estão sendo alvo de uma operação deflagrada pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA). De acordo com a SSP-BA, Polícias Civil e Militares cumprem mandado de busca e apreensão.
A decisão da Justiça de interditar a Aspra atendeu a pedido formulado pelo MP-BA, que sustentou que a entidade tem realizado assembleias incitando movimento paredista da classe dos policiais, afrontando o artigo 142 da Constituição Federal, e causando grave risco à segurança pública e à coletividade.
A operação acontece na capital, Alagoinhas, Barreiras, Feira de Santana, Guanambi, Ilhéus, Irecê, Itaberaba, Itabuna, Jacobina, Jequié, Juazeiro, Paulo Afonso, Porto Seguro, Santa Maria da Vitória, Santo Antônio de Jesus, Senhor do Bonfim, Serrinha, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista. Além da interdição e da busca e apreensão de documentos, computadores e dinheiro, também foi determinado o bloqueio das contas da entidade. Vinte promotores de Justiça participam da ação.
Investigação aponta transferências de R$ 148 mil das contas da Aspra para Prisco
O site Metro1 teve acesso com exclusividade às movimentações bancárias da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), investigadas após denúncias de associados sobre supostos desvios de valores. No documento, foram apontadas transferências bancárias de R$ 148 mil para a conta do coordenador-geral da Associação e deputado estadual Soldado Prisco, entre 2010 e 2013. O caso é tratado com sigilo pela Justiça.
Outras movimentações atípicas também são consideradas suspeitas, como a transferência de aproximadamente R$ 700 mil para filiais da associação em cidades do interior baiano. A suspeita é que esse dinheiro tenha sido utilizado em campanhas políticas de pessoas ligadas a Prisco no interior.
As apurações começaram em 2015, após ex-servidores e colaboradores, alguns deles PMs, relatarem a falta de transparência financeira da Aspra. O caso passou a ser apurado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Uma das testemunhas, que trabalhou como assessor de Prisco na Câmara de Vereadores de Salvador e na Assembleia Legislativa da Bahia, relatou em depoimento que a Aspra não possui balanço dos valores arrecadados. “Fiz dois depósitos de R$ 10 mil na conta de Prisco e ele mandava eu falar que era do salário dele, se por acaso alguém perguntasse”, diz uma das testemunhas ouvidas no processo.
Em seu relato, a testemunha afirmou ainda que presenciou o deputado, o coordenador financeiro e a chefe de gabinete saírem algumas vezes da agência do Banco do Brasil, no bairro de Porto Seco Pirajá, na capital baiana, onde fica a conta da Aspra, com quantias dentro de mochilas.
Questionada, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) confirmou a existência de denúncias envolvendo o desvio de verbas da Aspra, mas explicou que não pode passar informações, pois o caso corre em sigilo de Justiça.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o parlamentar descaracterizou a denúncia e apontou suposta atuação do Governo do Estado no processo. “O governo do PT precisa ter mais inteligência. Não estou envolvido em Lava Jato, em roubo, em nada. Quem está envolvido é o povo do PT. Isso já morreu. Já está enterrado”, afirmou.
Ainda de acordo com o coordenador da Aspra, há, pelo menos, três semanas, a suposta denunciante tentou extorquir integrantes da associação. “Para desmascarar. Essa testemunha é usuária de drogas. Queria R$ 200 mil e não achou. Está devendo ao tráfico e pediu dinheiro. A Secretaria da Segurança está usando um usuário de drogas para extorquir um deputado. É triste essa situação”, protestou.
O parlamentar aproveitou para criticar o inquérito policial militar que investiga a conduta de militares ligados ao deputado estadual em ataques a ônibus e bancos. Para Prisco, o objetivo do MP, assim como do Governo, é desestabilizar o movimento e colocar a população baiana contra os militares.
“Já disse e repito, não temos, nem eu ou qualquer outro diretor da Aspra ligação com atos de vandalismos. Muito irresponsabilidade do órgão soltar uma nota marginalizando uma categoria que já é demais sofrida e atacada pelo sistema”. Ele reforçou que não há comprovação de que pessoas ligadas ao movimento estariam atacando prédios comerciais e viatura.
Com informações do Bahia Notícias e Metro 1