Durante o cumprimento de busca e apreensão no apartamento da desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Maria do Socorro Barreto, presa nesta sexta-feira pela Polícia Federal, os investigadores encontraram entre as anotações da magistrada um manuscrito dirigido ao governador da Bahia, Rui Costa (PT), no qual a desembargadora pedia um favor para uma empresa de táxi aéreo. Não é possível dizer que o pedido chegou a ser feito ao petista e nem mesmo atendido.
Diz o trecho: “Pedir ao governador nos atender para que ele fale com o Julio Ribar, da Embrapa Vancy do Aeroporto para atender o pessoal da Addey Taxi Aereo, Yeda Muricy Guimarães”.
De acordo com informações do Jornal O GLOBO, há indícios de que essa empresa estivesse ligada à Embaixada da Guiné Bissau e ao suposto cônsul do país Adailton Maturino, preso na primeira fase da Operação Faroeste, sob suspeita de ser o articulador do esquema criminoso de decisões judiciais suspeitas no oeste baiano envolvendo grilagem de terras.
“Caso de fato a empresa de táxi aéreo esteja vinculada à Guiné Bissau e a Adailton Maturino, deduz-se que a desembargadora estaria pedindo favores ao governador e ao juiz federal em benefício do investigado”, diz a PGR.
Também havia uma anotação sobre um processo em tramitação na Justiça Federal em Brasília de interesse da mesma empresa, com os dizeres “Julgar favorável”.
RUI COSTA SE MANIFESTA
Questionado pelo site Bnews sobre o bilhete, o petista ficou incomodado e alertou para que não se transforme a investigação em “ação midiática”.
“Eu sou a favor de toda e qualquer investigação, agora deixa eu dizer um negócio para vocês: se continuarmos transformando investigação em ação midiática, nós vamos aumentar o desemprego […] a mensagem que a gente está passando para o exterior é a pior possível, a de absoluta insegurança institucional, jurídica”, afirmou o governador, presente na inauguração da Policlínica Regional de Simões Filho nesta sexta-feira.
Rui minimizou o papel encontrado pela PF e tratou a situação como algo natural, já que, segundo ele, “qualquer um” pode eventualmente encontrar o bilhete que alguém “entregou a um prefeito, vereador, deputado”.
O governador defendeu ainda investigação rigorosa a respeito dos fatos que envolvem desembargadores e juizes do TJ-BA.
Com informações da Policia Federal.Jornal O GLOBO e BNews