CPRS aponta erros na metodologia usada por ong mexicana que colocou Vitória da Conquista entre as cidades mais violentas do mundo
Após a repercussão de um polêmico ranking elaborado anualmente pela organização não governamental mexicana Seguridad, Justicia y Paz (Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal) que apontou a cidade de Vitória da Conquista, na região sudoeste da Bahia, como a 26ª cidade mais violenta do mundo, o Comando de Policiamento da Região Sudoeste encaminhou à nossa redação um diagnóstico de ações policiais militares e dados que demonstram equívocos nos resultados da ong mexicana no que diz respeito à cidade de Vitória da Conquista.
Analise abaixo o documento enviado com exclusividade ao nosso blog.
POLÍCIA MILITAR DA BAHIA
Comando de Policiamento da Região Sudoeste
DIAGNÓSTICO DE AÇÕES POLICIAIS MILITARES
Em esclarecimento a publicação em site de uma organização mexicana a qual apresenta, equivocadamente, a cidade de Vitória da Conquista como uma das 50 cidades mais violentas do mundo, situação já ocorrida em ano anterior, a Polícia Militar da Bahia esclarece o que segue.
O Estado da Bahia considera CVLI (Crime Violento Letal Intencional) os delitos: Homicídio, Feminicídio, Lesão Seguida de Morte e Latrocínio (roubo seguido de morte).
Na recente publicação mexicana, não tivemos acesso ao documento utilizado como fonte de consulta por aquela organização, diferentemente de anos anteriores, quando foi verificado que foram utilizados indicadores que não são considerados CVLI pela SSP/BA, como por exemplo mortes ocorridas no trânsito, fato que interferiu diretamente no resultado final.
Vitória da Conquista apresenta uma evolução dos casos de morte violenta demonstrada no quadro abaixo:
O estudo publicado no endereço https://geoenlace.net/seguridadjusticiaypaz/webpage/detalleBoletin.php?id=4566 apresenta 184 (cento e oitenta e quatro) mortes violentas Vitória da Conquista em 2022, índice muito superior ao de 49 (quarenta e nove) vidas perdidas realmente ocorrido no município.
A taxa por cem mil habitantes é uma ferramenta que torna possível, neste caso, comparar fenômenos em locais com populações de diferentes tamanhos de maneira isonômica, dividindo, neste caso, a quantidade de mortes violentas pelo tamanho da população e multiplicando o resultado por cem mil.
A população de 387.524 habitantes constante no estudo é a projeção do IBGE para Conquista em 2022, com tais valores, nossa taxa de mortes violentas por cem mil habitantes do município seria 12,64, e não 47,48 – quase um quarto do apresentado.
Em comparação com algumas das cidades mais importantes do interior (excluídas as cidades da Região Metropolitana de Salvador), observamos que Vitória da Conquista tem taxas de CVLI por cem mil habitantes perto ou abaixo da média do Estado.
Algumas unidades da federação disponibilizam seus dados condensados em todo o estado ou por região, não por município, fato que impossibilitou a realização da comparação entre Vitória da Conquista e outras cidades de mesmo porte ao longo do território nacional.
Nas tabelas abaixo, seguem dados da Bahia.
A primeira delas traz um comparativo das taxas de CVLI por 100 mil habitantes de algumas cidades, calculadas com a população estimada pelo IBGE para 2022 e a quantidade de CVLI no mesmo ano (considerando que a população estimada para a Bahia é de 14.659.023 habitantes e foram registrados 5153 CVLI no Estado.
A taxa em Vitória da Conquista é a menor entre as cidades interioranas, mesmo as de menor população. Menor ainda que a taxa do Estado que, com os dados acima citados, é de 35,15 CVLI por 100 mil habitantes.
A tabela abaixo traz informações de CVLI nas mesmas cidades nos últimos 5 anos com dados de população anteriores ao último censo, para fins de comparação. Nela é possível notar a constante diminuição dos indicadores negativos em Vitória da Conquista, confirmada pelas taxas por 100 mil habitantes onde, as de Vitória da Conquista têm sido menores que as da Bahia desde 2019.
A SSP/BA também se manifestou sobre o assunto. Confira aqui.