
(Imagem: Via Google)
Quando o assunto é política, torna-se comum vermos inúmeros depoimentos seja na rede ou nas ruas, em que diversas pessoas, já saturadas do assunto, caracterizam-na de corrupta e sem salvação. Afirmam, sem pestanejar, que “todo político é igual” ou acusam: “são verdadeiros ladrões mascarados”. Estas definições generalizadas não deveriam ser posicionadas, é claro que existem aqueles que usam e abusam do poder para conseguir privilégios, porém, ser político não é sinônimo de índole duvidosa e ações antiéticas.
Essas características de maldade e manipulação/centralização do poder, são intrínsecas do próprio homem, independente de seu cargo ou função dentro da sociedade. Quem se corrompe na política, já é alguém que antes de estar ali, possuía características voltadas à corrupção, não sendo apenas por fazer parte da política que será automaticamente um ladrão.
Como disse anteriormente, quando se fala de política é comum observar os comentários tendenciosos, mas em contrapartida nenhuma ação em prol de mudanças. O que de fato veio se modificando, pois em meio à contemporaneidade, o povo, seja impulsionado pela mídia ou por pura conscientização, resolveu sair às ruas em busca de seus ideais, tendo como propósito buscar o fim da corrupção. Este é um discurso um tanto quanto questionável, uma vez que os manifestantes, na realidade, estão a lutar por jogos de interesse e poder partidários, demonstrando seu apoio a grupos que estão de acordo com suas visões de mundo. Nisso há uma separação da população, os de direita e de esquerda, numa luta para provar quem é o melhor e quem está com o poder da razão.
Mas, sabem mesmo qual é a verdade? Que ambos estão errados e mais, que na verdade tudo está errado! O pensamento de lutar apenas por aquilo que convém e “esquece” das outras camadas da população, já é contraditório. E pior ainda é usar o discurso de “fim da corrupção” para justificar tais atitudes. Acredito que essa luta deveria ser acima de partidos e jogos de poder, pois, partido perfeito nunca haverá de fato, assim como pessoas perfeitas não existem. E se você é uma pessoa que acredita nesse tipo de fantasia, sinto desmotivar-te, mas não fique preso a estes tipos de ilusões.
Nada é perfeito, mas podemos melhorar crescer e evoluir. Dentro de partidos sempre haverá aqueles que roubam e fazem melhorias, os que apenas roubam e os que de fato criam algo voltado para a população. As atitudes impróprias nada têm a ver com política em si. A maldade e egoísmo do próprio homem em se beneficiar através da exploração, todavia, são escolhas.
A política não foi criada para ser desvirtuada ou corromper as pessoas, seus ideais são em prol de melhorias e construção de bens para toda a sociedade, de forma justa, promovendo o fim das desigualdades e oferecendo requisitos básicos para o bem estar e a qualidade de vida de todos. Até porque, estamos todos englobados, dentro de um sistema em que há impostos que deveriam ser revertidos em ações benéficas para com os provedores deste capital.
As divergências de opinião dentro da política são tão agravantes que chegam a afetar o convívio social das pessoas. Foi elaborada uma pesquisa por membros da Universidade Hebraica de Jerusalém em conjunto com profissionais da Universidade de Tel Aviv, na qual, após entrevistar cerca de 1,1 mil internautas israelenses, os pesquisadores descobriram que 16% deles encerraram amizades por razões políticas durante os conflitos na Faixa de Gaza ocorridos no ano passado. Coincidência ou não, essa parcela de internautas é representada, na maioria, por jovens que defendem ideologias extremistas e não costumam respeitar a liberdade de expressão.
Essa separação de relações ocorre inclusive dentro de casa, com seus familiares ou no próprio ambiente de trabalho já que em meio a esta crise política, boa parte da população tem medo de expor suas ideias e sofrer chacota, bem como ser excluído daquele convívio por preferências partidárias. Em entrevista a página digital do UOL notícias, a supervisora do curso de Etiqueta e Comportamento Corporativo do Centro Europeu, escola com cursos profissionalizantes, Silmara Santos Adad, não vê problemas em falar sobre política no trabalho. “É um assunto inevitável. Afeta a vida de cada um de nós. Tudo pode ser abordado, dependendo da forma”, afirma. A consultora de comportamento organizacional Lícia Egger concorda. “Eu acredito que neste momento não podemos desestimular pessoas a se colocarem. Estamos aprendendo o exercício político. É importante que não tenham medo de falar, mas saibam se colocar com maturidade, educação e respeito ao outro”, diz.
O problema está alocado justamente dentro dessa falta de maturidade e do respeito para com a opinião do outro, vivemos numa época em que com as tecnologias a nosso favor, temos mais acesso às informações e isso torna as pessoas acomodadas, além de se acharem donas da razão, não aceitando, na maioria das vezes, opiniões distintas das que condizem com a sua visão de verdade.
Convergências políticas, intolerâncias religiosas, assim como torcidas organizadas dentro do futebol no Brasil, são as bases para o fim de muitos relacionamentos e convívios sociais em geral, o que de fato é uma pena, pois se todos lutam pela derrubada da corrupção, todos deveriam ter um mesmo objetivo, o que é diferente de promover partidos.
O passo para melhorar está acoplado dentro da própria problemática, precisamos parar de tentar sermos os donos da vez e da razão e aceitar que outras ideias também são importantes, e que talvez, ambas problemáticas sendo discutidas de forma sensata, resultem em algo de bom, que não haja um afastamento das pessoas por algo tão insignificante como divergência de opinião. A ideia é de união e nunca exclusão, afinal amor é progresso.