Pai de Sashira revolta-se com liberdade de envolvido no assassinato de sua filha, ouça áudio

Faltando 15 dias para completar 1 ano do assassinato da jovem estudante de engenharia Sashira Camilly Cunha Silva, de 19 anos, um dos três jovens envolvidos no crime, Filipe Gusmão, que era colega de faculdade da vítima, foi solto através de um Hábeas Corpus. Felipe alegou na época que não sabia que a vítima seria Sashira, mas sim uma pessoa que estava ameaçando Rafael Souza, seu amigo e ex-namorado de Camilly. De acordo com o delegado Marcos Vinícius, a participação de Felipe teria sido na articulação, ao chamar o Uber e mandar o outro amigo ao local. “Mas todos sabiam que haveria um homicídio”, disse o delegado na época.
Em entrevista exclusiva ao repórter policial Ricardo Gordo, no Programa ‘UP Notícias’ (100,1), “Seis Dedos”, como é conhecido na cidade o pai de Sashira, disse que a notícia lhe causou tanto pesar quanto sentiu no dia da morte de sua filha. “Meu sentimento é de tristeza, estou muito amargurado. Uma tristeza tão grande quanto o dia em que Sashira morreu, porque é a dor, sentindo, vendo tudo na lembrança de novo.”, lamentou.
“Quando eu penso que minha filha foi sangrada do jeito que ela foi, eu vejo isso nos meus sonhos, ela sendo sangrada, ela pedindo socorro pai, socorro pai, e eu me sinto incapaz, nem no sonho eu consigo salvar minha filha, porque esses monstros lincharam, torturaram, sangraram minha filha como sangra um bode e não tiveram a menor descência de arrependimento”, revoltou-se.
Para o pai da garota, o cúmplice do crime foi cruel ao ajudar arquitetar o plano. “Ele levou o carro de minha filha, todo cheio de sangue pra própria casa e dizer que um monstro desse não participou diretamente do assassinato? Só quem é pai de verdade sabe a dor que estou sentindo”, desabafou.
Rafael Souza, o ex-namorado de Sashira e Marcos Vinícius Fernandes permanecem presos, na mesma cela, no Conjunto Penal de Vitória da Conquista.
Nossa reportagem entrou em contato com a defesa de um dos envolvidos, mas a advogada afirmou que não poderia passar informações sobre o caso por conta do processo correr sob sigilo de Justiça.
CONFIRA PARTE DA ENTREVISTA NO PROGRAMA ‘UP NOTÍCIAS’:
RELEMBRE O CASO
A vítima, Sashira Camilly Cunha Silva, de 19 anos era estudante de Engenharia Civil na Faculdade Independente do Nordeste (Fainor) e foi assassinada com golpes de faca e estrangulamento, pelo ex-namorado Rafael Souza , 22 anos e Marcos Vinícius Fernandes , 24 anos. Vitíma e assassinos eram todos colegas de curso na mesma instituição. O crime foi premeditado e contou com a ajuda de Felipe Gusmão, também do mesmo curso e que foi libertado da prisão esta semana.
O crime ocorreu na tarde de 15 de setembro do ano passado,no bairro Lagoa das Flores. “Ela saiu do estágio e não retornou à casa da família, quando anoiteceu e o padastro dela, Célio Barbosa, que é do Conselho de Segurança, entrou em contato com a Polícia Militar, informando os dados do veículo dela. A Policia Civil tomou conhecimento através do plantão central. Por volta de oh30 um dos envolvidos se apresentou com o advogado ao delegado plantonista que entrou em contato comigo. Pela manhã nós nos deslocamos em busca dos outros 02 jovens envolvidos”, relata a delegada Gabriela Garrido.
“O ex-namorado foi quem levou ela e a dopou com Rivotril no refrigerante, mas ela não bebeu todo porque reconheceu o gosto, então ela não chegou a ficar inconsciente. No veículo foi encontrado o recipiente do remédio. Ele em seguida a esfaqueou, mesmo ela não estando totalmente dopada e quando um dos seus amigos chegou ao local, ele a ‘finalizou’ com uma ‘gravata’. O terceiro elemento apenas fez a articulação, de chamar o Uber, mandar o outro amigo ao local, mas todos sabiam que haveria um homicídio”, disse o delegado Marcus Vinícius
Um dos rapazes que ajudou o assassino, revelou o local onde o corpo de Sashira foi desovado, já na cidade de Planalto, a 47 km de Vitória da Conquista. De acordo com a polícia, o jovem assassino já hávia agredido a vítima no passado. “Quando a vítima tinha 17 anos de idade, houve um registro da família dela porque ele a agrediu fisicamente, como ela era adolescente, foi registrado no Núcleo da Criança e Adolescente, ela chegou por um tempo a ter medida protetiva, mas essa medida já tinha expirado”, explicou a delegada da DEAM.
Segundo o delegado Marcus Vinícius, os outros 02 cúmplices fizeram tudo de comum acordo, mas disseram que não sabiam que a vítima seria Camilly. “Eles pensavam se tratar de outra pessoa, mas já tinham um acordo para matar uma pessoa que supostamente estaria ameaçando o rapaz que se entregou (o ex-namorado de Sashira) e depois subtrair o veículo para vendê-lo, além da ocultação do cadáver, essa é a versão deles”, explicou o delegado.