Dois homens foram condenados nesta quarta-feira (10), a mais de 22 anos de prisão pelo homicídio qualificado do motorista de aplicativo Hiago Evangelista Freitas. Os jurados acataram a tese de acusação sustentada pelo promotor de Justiça José Junseira Almeida de Oliveira.
Rodrigo Porto Oliveira Filho recebeu uma pena de 26 anos e 2 meses de reclusão, 1 ano e 2 meses de detenção e 46 dias-multa pelos crimes de homicídio qualificado consumado, furto qualificado, ocultação de cadáver, adulteração de sinal identificador de veículo e posse irregular de munição de uso permitido.
Alexandre Cruz de Brito foi condenado a 22 anos e 8 meses de reclusão, além de 24 dias-multa, pelos crimes de homicídio qualificado consumado, furto qualificado e ocultação de cadáver. As condenações ocorreram em sessão do Tribunal do Júri em Vitória da Conquista, presidida pela juíza Janine Soares de Matos Ferraz.
Segundo a denúncia, o crime aconteceu no dia 06 de novembro de 2019, em local situado entre as cidades de Vitória da Conquista e Barra do Choça. A vítima Hiago Evangelista Freitas, que era motorista de aplicativo, recebeu dos criminosos a solicitação para uma corrida. Após a emboscada, a vítima sofreu golpes de faca e teve seu corpo queimado ainda com vida. Seu celular e o carro que ele dirigia foram furtados.
O carro teve a placa adulterada pelo condenado Rodrigo e depois foi abandonado. Segundo sustentou o MP, o crime foi cometido com requintes de crueldade, a mando de um interno do conjunto penal de Vitória da Conquista, que acreditava que a vítima estava tendo um relacionamento extraconjugal com sua companheira. O detento ainda não foi identificado. Os dois condenados deverão cumprir a pena em regime inicialmente fechado. Cabe recurso da decisão.
O Promotor de Justiça José Junseira Almeida, falou à TV Sudoeste sobre a crueldade dos fatos, que foi o principal argumento de acusação. “Atrair uma vítima inocente que tava trabalhando para um local onde já sabia que ela seria executada, nesse local desferir facadas no pescoço da vítima, atear fogo no seu corpo e esperar ela começar morrer, depois sair do local levando os pertences da vítima, é cruelda demais”, disse Junseira.
A defensoria Pública, é responsável pela defesa dos réus, vai recorrer da sentença.
Relembre o crime
Motorista por aplicativo que foi queimado vivo na Bahia — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Hiago Evangelista Freitas era estudante de odontologia e desapareceu na noite do dia 6 de novembro, após deixar a namorada em casa para fazer corridas no município.
O corpo dele foi encontrado carbonizado, no dia 8 de novembro de 2019, na estrada que liga o bairro de São Sebastião à cidade de Barra do Choça, que fica a cerca de 35 minutos de Vitória da Conquista.
De acordo com informações da delegacia da cidade, o carro de Hiago tinha um adesivo da empresa de aplicativo que ele trabalhava. Esse adesivo foi retirado do veículo e colado no corpo dele, fixado com uma pedra em cima.
No dia 11 de novembro, Rodrigo e Alexandre, condenados pelo crime, foram presos e confessaram o homicídio à polícia. Ao delegado Fabiano Aurich, responsável pela investigação do crime, a dupla disse que assaltou Hiago com um revólver falso e que o crime foi premeditado.
Os dois falaram ainda que depois imobilizaram Hiago e o levaram para a estrada que liga o bairro de São Sebastião à cidade de Barra do Choça. Os suspeitos disseram que mataram a vítima porque tinham medo de serem denunciados.
Na casa de Rodrigo, a polícia apreendeu vários objetos pessoais da vítima, incluindo documentos, cartões de banco, a chave do carro que Hiago dirigia e o celular dele. O carro da vítima foi deixado pelos suspeitos no bairro Alto Maron, também em Vitória da Conquista.
REQUINTES DE CRUELDADE NA TORTURA E MORTE DE HIAGO
De acordo com o delegado, a ordem partiu do traficante, que ainda solicitou dos assassinos o máximo de crueldade, para que Hiago sofresse. O jovem foi morto a facadas, teve uma perna arrancada e foi queimado ainda vivo. Os algozes relataram que a vítima implorou por sua vida. Informações não confirmadas pela polícia, dão conta de que os olhos de Hiago teriam sido furados. A intenção dos assassinos também era arrancar o órgão genital da vítima, mas desistiram. A decisão de queimar o corpo de Hiago foi ideia da dupla criminosa.
Um ‘intermediário’ foi o responsável por contactar os executores Rodrigo Playboy e Alexandre. “Nós identificamos o intermediário, o nome dele é Micael. Tanto Micael quanto Rodrigo Playboy cometeram 03 homicídios, sendo 02 juntos”, disse Dr. Marcus.
Micael encontra-se foragido. Ele é integrante de facção e foi quem mandou que Alexandre Cruz Brito, vulgo Parcker ou Xande contactasse Rodrigo Playboy. A Policia diz que Alexandre só soube que era para matar a vítima no local da execução, mas não se opôs.
Hiago foi chamado por Rodrigo via whatsapp, não pelo aplicativo. Ele havia feito amizade antes com Hiago no Facebook, para conhecer melhor a vítima.