Visando a destinação sustentável do lodo resultante do tratamento de esgoto, a Embasa está realizando um projeto piloto de aproveitamento desse resíduo como fertilizante em uma fazenda de café em Barra do Choça. Passado um ano da primeira aplicação do lodo no solo, o projeto está atualmente em fase de monitoramento de resultados, após a aplicação da segunda camada, no final de fevereiro.
Entusiasta da iniciativa, o proprietário da fazenda, Ricardo Oliveira de Oliveira, acredita que os resultados serão sentidos já na próxima safra. “O experimento de utilização do lodo como matéria orgânica pode se tornar um diferencial nos tempos atuais. Hoje estamos iniciando uma pré-avaliação para que, comprovado o benefício, o projeto possa se expandir para outras fazendas”, destacou, relatando que, em sua percepção, já houve significativa melhoria na matéria orgânica do solo.
Durante a última visita, os técnicos da Embasa acompanharam o professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Divino Levi Miguel, e observaram a resposta do cafezal após a aplicação do lodo de esgoto. “Na próxima etapa, faremos a coleta de amostra do solo e das folhas das plantas para verificarmos os primeiros resultados”, informa o professor Divino Levi, que explica que o acompanhamento deverá continuar até a próxima safra.
“A área da fazenda será dividida em quatro subáreas, que poderão receber novos volumes de lodo até o final do período de hibernação do café, que acontece no inverno, para que as plantas possam começar a apresentar avanços na floração, que ocorre na primavera.
Durante a visita, o professor manifestou o interesse da instituição de ensino em aderir ao projeto, em conjunto com docentes de outras três universidades que compõem a rede de estudos de solos na Bahia. “Esta iniciativa está sendo acompanhada por um grupo de estudos e estamos com uma expectativa muito boa quanto aos possíveis resultados”, comentou.
Pesquisa | A Embasa disponibilizou um milhão de metros cúbicos de lodo para o estudo. O lodo, proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Vitória da Conquista, é um resíduo rico em nutrientes acondicionado em um equipamento de desidratação e armazenamento chamado de geobags. Após esse processo de desaguamento e período prolongado de estocagem seguido de caleação do biossólido (higienização com aplicação de cal virgem), o lodo tratado pode ser destinado para uso em solos, seguindo os requisitos das normas e legislações vigentes.
O experimento foi autorizado pela Portaria 25.512/2022 do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e, após monitoramento e obtenção dos resultados, poderá ser expandido para outras fazendas da região.