Se informe: Entenda o conflito e a diferença entre israelenses, palestinos e o Hamas
Mais uma guerra em curso no atual momento e estamos presenciando o desenrolar da história mundial diante dos nosso olhos. É importante, enquanto seres humanos, que tenhamos a mínima compreensão dos problemas mundiais, ainda que exista essa errônea sensação de que ‘nada tem a ver com a gente’.
O radicalismo é tanto de Israel quanto dos Árabes palestinos, inflamados por questões religiosas, étnicas e econômicas. Em meio a tudo isso, potências mundiais se aliam a um e outro grupo, cada um com seus interesses e engrossando o caldo de disputas, recheadas com muitas armas e mortes.
Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen, explica que há três principais pontos para explicar essa pergunta.
Em termos gerais, segundo Fancelli, seria possível definir os grupos da seguinte maneira:
- Israelenses: cidadãos do Estado de Israel, que foi criado no fim da década de 1940.
- Palestinos: povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
- Hamas: grupo radical considerado como terrorista por alguns países, como os Estados Unidos e o Reino Unido.
Por a briga?
Em 1947, as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados: um judeu e um árabe. Esses Estados seriam instalados na Palestina, sob um mandato britânico. A ideia era concretizar a promessa de se fundar um território para os judeus, que estavam há muitos séculos dispersos pelo mundo e que haviam acabado de sofrer uma perseguição inimaginável pelo Holocausto.
À época, a proposta foi aceita por líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe. Com o impasse, os judeus proclamaram o Estado de Israel em 1948, gerando revolta entre palestinos. Isso resultou na guerra árabe-israelense, no mesmo ano.
“Israel foi fundada para ser o ‘lar dos judeus’, que começaram a imigrar de diversos países do mundo para se concentrar no país”, explica Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen.
Diante do conflito, a comunidade internacional propôs a criação de um Estado palestino que deveria coexistir em paz com Israel.
Segundo Fancelli, muitos palestinos acabaram se dispersando para territórios vizinhos após a fundação do Estado de Israel, como a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
“Apesar de a maior parte dos palestinos estarem em Gaza e na Cisjordânia, as duas regiões são geograficamente separadas por Israel”, diz.
“Em 2012, a ONU reconheceu o “Estado da Palestina” como Estado observador, mas ainda não há um território muito bem delimitado do que seria esse Estado.”
Mesmo com interferência da comunidade internacional e com várias tentativas de manutenção da paz na região, os conflitos persistiram. Isso abriu espaço para que um grupo islâmico armado ganhasse força: o Hamas.
Segundo Fancelli, desde 2006 o Hamas tem o controle da Faixa de Gaza, onde moram cerca de 2 milhões de palestinos. O grupo radical quer a extinção do Estado de Israel.
“Algo importante de frisar é que a maior parte dos integrantes do Hamas é de palestinos, contudo, nem todo palestino necessariamente faz parte do Hamas. Confundir os palestinos com o Hamas é a mesma coisa que dizer que todo afegão é membro da Al-Qaeda”, explica.
O CONFLITO RECENTE
No sábado (7), lideranças do Hamas anunciaram que estavam iniciando uma grande operação de retomada de território. Um alto comandante do grupo chegou a dizer que mais de 5 mil foguetes tinham sido lançados contra Israel a partir da Faixa de Gaza.
Sirenes foram ouvidas em várias partes de Israel, incluindo grandes cidades, como Tel Aviv e Jerusalém. Os ataques atingiram prédios e veículos, causando estragos em diversas regiões do país.
Pela terra e pelo mar, homens armados do Hamas invadiram o território israelita na região sul do país. Agências internacionais relataram que esses homens atiraram contra pessoas que estavam nas ruas.
A resolução do conflito, no entanto, ainda se choca em disputas que parecem cada vez mais insolúveis, como a segurança de Israel, as fronteiras, o estatuto de Jerusalém e o direito de retorno dos refugiados palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas terras, por exemplo.
De um lado, entre as principais reivindicações da Palestina, está a suspensão da colonização de seus territórios, que tem assentamentos incentivados por Israel, por exemplo.
Dados de 2017 apontam que pelo menos 600 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
O Hamas
O Hamas é uma das maiores organizações islâmicas nos territórios palestinos da atualidade e é considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e outras potências globais. Isso levou a restrições financeiras e diplomáticas sobre o grupo.
O nome em árabe é um acrônimo para Movimento de Resistência Islâmica, que teve origem em 1987 após o início da primeira intifada palestina, ou levante, contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Com a perda da legitimidade da ANP, o Hamas acabou vencendo as eleições legislativas da Faixa de Gaza em 2006 e expulsou a autoridade palestina do governo local.
O Hamas faz parte de uma aliança regional que inclui o Irã, a Síria e o grupo islâmico xiita Hezbollah no Líbano, que se opõem amplamente à política dos EUA no Médio Oriente e em Israel.
Em sua carta de fundação, a organização islâmica estabeleceu dois objetivos: promover a luta armada contra Israel e realizar programas de bem-estar social.
Em 2017, o grupo atualizou o documento, suavizando algumas posições. Nele, o Hamas diz que sua luta não é contra os judeus, mas contra “os agressores sionistas de ocupação”. Em resposta, Israel disse que o grupo estava “tentando enganar o mundo”.
Com informações do G1