Lidar com a violência de gênero tem sido rotina para as mulheres que trabalham e estudam na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. São recorrentes os casos de ASSÉDIO MORAL E SEXUAL, bem como outros abusos ocorridos neste ambiente, por parte de docentes e discentes da Instituição.
A gestão da Universidade pouco se empenha em construir uma política de combate à violência de gênero. Os poucos espaços que existem são voltados para denúncia do ataque ocorrido e não para a prevenção. O Programa de Assistência Estudantil da UESB – PRAE é a instância responsável por gerir a residência universitária e os demais assuntos que refere à vida acadêmica da/do estudante, mas tem feito isso de forma extremamente burocratizada. Sabemos que ações meramente burocráticas não darão conta da superação desse problema, pelo contrário, são responsáveis por jogá-lo para debaixo do tapete e tratar os casos de forma isolada.
Sabemos que não são poucas as mulheres que são silenciadas e estão inseridas no jogo de opressão que existe dentro da relação de poder, como nos casos em que a figura do agressor é o professor e/ou orientador, visto que o machismo na academia, assim como na sociedade também é estrutural.
Além disso, a maioria das vítimas desses crimes dentro da UESB são humilhadas, ofendidas e desrespeitadas, quando seus relatos de assédio são ignorados e até mesmo levados como algo calunioso. As denúncias também se tornam o motivo desencadeador de perseguição institucional, prática ainda corriqueira dentro e fora do ambiente acadêmico. Nesses casos, as mulheres sofrem com a reprodução da perversa lógica de culpabilização da vítima.
É necessário lembrar que o assédio sexual é crime, listado no Código Penal (art. 216-A, caput). É um crime silencioso, que possui índices alarmantes de violência contra a mulher. Contudo, ainda permanece sem dados objetivos que consigam comprovar o tamanho de sua ocorrência. As barreiras burocráticas, a violência psicológica praticada pela sociedade e agressor, além das condições materiais restritas da vítima são alguns dos fatores que contribuem para a não realização das denúncias. Em outros casos, é difícil até compreender que trata-se de violência, tamanha é a sua naturalização.
Os setores e entidades que assinam essa nota entendem que os casos de violência e assédio devem ser trazidos à luz, para que possam ser reconhecidos e desencorajados na UESB. Além disso, é preciso que a Universidade formule medidas capazes de trazer o debate de gênero para a vida da comunidade acadêmica. No que se refere aos profissionais da Instituição, é necessário formação para lidar com os casos, receber, apurar e agir diante das denúncias, além de oferecerem suporte às vítimas.
Encorajamos também as estudantes que sofrerem esse tipo de situação a encaminharem as denúncias para o Diretório Central dos Estudantes da UESB – DCE, através do e-mail [email protected]. O objetivo é fornecer acompanhamento individual para as mulheres. A Ouvidoria da Universidade também deve ser procurada, www.uesb.br/transparencia/ouvidoria . Fora do âmbito da UESB, as estudantes devem realizar a denúncia na Delegacia da Mulher, localizada na Rua Humberto de Campos, 205, Vitória da Conquista, ou pelo telefone (77) 3425-8369 ou discando 180.
Por fim, deixamos claro nosso repúdio a toda e qualquer forma de violência de gênero.
Continuaremos em luta por uma Universidade sem medo, sem violência, sem discriminação!
Assinam:
Diretório Central dos e das Estudantes – Gestão Todo Mundo no DCE
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
Coletivo Feminista Negro Pretas da Dió
Centro Acadêmico de Cinema e Audiovisual- UESB/VCA
Centro Acadêmico de Medicina – UESB/VCA
Centro Acadêmico Ruy Medeiros – Gestão Nada a Temer
Centro Acadêmico Ciências Contábeis – CACIC – Gestão Incorporar
Centro Acadêmico de Comunicação Social e Jornalismo – Gestão Eliane Brum
Centro Acadêmico de Física – UESB/VCA
Centro Acadêmico de Letras – UESB/VCA
Comissão Pró-AGP UESB/VCA
Marcha Mundial das Mulheres – MMM